São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Endividada, Eucatex cultua candidato

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Celso Pitta foi um "sortudo" nos cinco anos em que esteve à frente da diretoria financeira da Eucatex, segundo Oswaldo Campiglia, 55, diretor de controle do grupo.
Quando saiu, em dezembro de 1992, a dívida do grupo equivalia a R$ 15,70 milhões. Era o dobro do que pegara em 1987, mas em 1995 chegaria a R$ 164,13 milhões.
"Ele pegou os anos dourados da Eucatex", diz Campliglia.
Os "anos terríveis" começaram em 1993 e tiveram seu ápice no primeiro semestre deste ano: a Eucatex chegou ao dia 30 de junho com uma dívida de R$ 192,46 milhões.
Pitta não tem nada a ver com os revezes, diz Campiglia. A dívida cresceu com investimentos de R$ 151 milhões em dois projetos: uma fábrica de aglomerados de madeira e outra de tinta.
Em julho último, o grupo voltou a apresentar resultados positivos.
Culto
Sorte ou não, o fato é que o candidato malufista é cultuado na Eucatex. "Ele sabe conciliar pontos de vista diferentes e as duas partes acham que saíram ganhando", diz Paulo Narciso, 51, diretor de recursos humanos, que jogava tênis duas vezes por semana com Pitta.
No tênis, Pitta demonstrava outra característica elogiada pelos colegas: o autocontrole. "O Celso está perdendo por 5 a 1 e vai buscar o 6 a 5. Chega a ser chato nisso. Te vence pelo cansaço", diz Narciso.
Oswaldo Mattua, 39, sucessor de Pitta no cargo, reforça a idéia de tranquilidade: "O Celso não se abala em momentos difíceis. Fiquei assustado com sua calma no período do Plano Collor".
Campiglia prefere uma imagem bíblica às avessas: "Ele evita enfrentar montanhas. Chega à solução por um caminho mais fácil".
Pitta tocou dois projetos de porte no grupo. Criou os planos para levantar dinheiro para as novas fábricas e cuidou da informatização.
Foi tocando esses projetos que conheceu Maluf. Entre um mandato e outro, Maluf voltava à Eucatex. Como diretor financeiro, Pitta era um dos poucos diretores que despachava com ele.
Não era o primeiro executivo da Eucatex que Maluf conduzia à vida política. Roberto Paulo Richter, atual secretário municipal de Saúde, já saltara dos negócios da família Maluf para a política.
Ao contrário de Richter, Pitta não é tido pelos seus pares como um executivo genial.
Em compensação, tem uma qualidade que teria encantado Maluf: é claro e direto ao expor seus planos.
"Ele transmite muita segurança quando emite uma opinião", afirma Luiz Saragiotto, 54, ex-diretor da Eucatex Mineral.

Texto Anterior: 'Quando crescer, quero ser como Pitta'
Próximo Texto: BC veta operação montada por Pitta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.