São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Pressionada, Erundina desiste de procurar FHC

Candidata diz que, se eleita, quer governar com o PSDB

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Por causa de pressões da direção do PT, Luiza Erundina recuou em sua decisão de buscar apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador Mário Covas em um eventual segundo turno da sucessão paulistana.
"É uma responsabilidade da direção partidária", disse ontem, ao ser questionada sobre o tema. "Posso ter minha opinião, mas o encaminhamento cabe à direção partidária." Sua posição anterior foi defendida na semana passada.
"Falei em hipótese", disse, sobre suas declarações anteriores. Por trás da mudança de Erundina, está o mal-estar causado na direção petista com a posição da candidata. O PT acha precipitada a discussão sobre a aproximação com FHC.
Teme que declarações como a de Erundina acabem fortalecendo a estratégia de oposição ao governo federal adotada pelo prefeito Paulo Maluf. O prefeito tem batido duro em FHC. Os petistas querem que essa bandeira continue com eles.
Evitar crises
A direção do PT tem evitado expor suas opinião em público para não criar novas crises entre a campanha de Erundina e o partido. "Quando chegar o segundo turno vamos ver qual é o cenário", diz José Dirceu, presidente do PT.
Mas Dirceu deu sinais de que não concorda com a intenção da candidata de procurar o apoio de FHC. "Ela tem a opinião dela. Mas eu não quero discutir isso.". Ele fez campanha ontem com Erundina.
Dirceu afirmou ter "muita coisa sobre a eleição de São Paulo que não se pode falar". Para ele, a eleição paulistana é "complexa" do ponto de vista da política nacional. "Eu tenho que ter cautela. Não posso ficar deitando falação."
Governar com o PSDB
Apesar das críticas do PT, Erundina mantém de pé um outro projeto com o objetivo de se aproximar do PSDB -o de fazer um governo de coalizão com os tucanos caso seja eleita. O projeto da petista também inclui o PMDB.
Para Erundina, a aliança com tucanos e peemedebistas "foi tese" apresentada por ela na prévia do PT que a escolheu como candidata. "Defendi essa tese com clareza. Fui eleita com essa proposta."
"É mais democrático um governo de coalizão", disse. "Não acredito em resistências. Hoje no PT há clareza de que podemos governar com outras forças políticas." Mas só discutirá isso no segundo turno.

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