São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Família pagou R$ 100 por lote

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURIONÓPOLIS (PA)

"Eu pedi para o meu marido não voltar à fazenda. Mas ele não me ouviu", disse ontem a mulher do sem-terra Manuel Soares de Souza, 56, Maria Angélica Araújo de Souza, 54. "Voltei ontem (anteontem). Por telefone, fui avisada em Teresina que mataram meu marido", disse, nervosa e chorando.
Souza comprou há três semanas um lote invadido na São Francisco. "Pagamos R$ 100 por 10 alqueires para um tal Domingos e fomos derrubar a mata", disse o filho Antônio de Souza, 18. Ele e o irmão, Reginaldo, 20, trabalhavam com o pai. "Trabalhamos a terra uma semana. A gente entrava por uma picada que fica 5 km antes da entrada da fazenda", disse Antônio.
Os filhos disseram que, na semana anterior ao desaparecimento do pai, um vaqueiro da São Francisco os preveniu para não voltar mais.
"Eu ia viajar para tratamento médico em Teresina (PI). Só fui depois que o Manuel prometeu não voltar lá", disse a mulher.
"Na segunda passada, começaram a dizer que quem não voltasse iria perder a terra", disse Antônio. Segundo os filhos, na terça, o pai foi à fazenda com três pessoas.

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