São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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"Foi abrir a mata e sumiu"

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURIONÓPOLIS

A mulher do sem-terra desaparecido Manuel de Jesus Gonçalves, 37, Maria dos Santos Souza, 19, disse ter prevenido o marido de que a área não devia ser invadida.
Mãe de duas meninas -de 1 e 3 anos- e grávida de oito meses, ela diz que não sabe nem como vai fazer o parto.

*
Agência Folha - Quando a sra. soube que seu marido teria sido emboscado?
Maria dos Santos Souza - Na quinta. Fiquei desesperada quando chegou a notícia de que mataram três, e um era o "Baixinho", como chamam meu marido.
Agência Folha - A senhora tem parentes?
Maria dos Santos - Estou grávida e tenho duas meninas. Não temos parente nenhum aqui. Não tenho serviço. Meu marido comprou comida antes de viajar, mas está no fim. O que vamos fazer?
Agência Folha - Vocês temiam um conflito naquela área?
Maria dos Santos - Eu temia. Eu queria ter certeza que o Incra daria aquela área. Ele dizia que não tinha perigo, que já tinham avisado que a área era desapropriada. E ele foi fazer abertura (da mata) e sumiu.

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