São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Tribunal pode ter 'guerra' entre legistas

CRISTINA GRILLO
SERGIO TORRES

CRISTINA GRILLO; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Nelson Massini e Carlos Alberto de Oliveira, que discordam quanto ao laudo, devem ser convocados

O médico-legista Nelson Massini, 48, será convocado a depor como testemunha de defesa de Guilherme de Pádua no julgamento dos acusados pelo assassinato da atriz Daniella Perez, que ainda não tem data marcada.
O presidente do 2º Tribunal do Júri, José Geraldo Antonio, convocará Massini -professor de medicina legal da Faculdade de Direito da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) a pedido de Paulo Ramalho, advogado de Pádua.
Por solicitação da Folha, Massini analisou o laudo oficial do cadáver de Daniella, em reportagem publicada na sexta-feira passada.
Na análise, Massini conclui que Daniella pode ter ido espontaneamente ao local onde foi morta (rua Cândido Portinari, Barra da Tijuca, zona sul do Rio), ao contrário do que diz a acusação.
Em pelo menos dois pontos a análise de Massini se opõe ao que diz o documento preparado pelo médico legista Carlos Alberto de Oliveira, 53, contatado pelos promotores Maurício Assayag e José Piñeiro Filho e pelo assistente de acusação, Arthur Lavigne, advogado da família Perez.
Oliveira também deve ser chamado para testemunhar pelo advogado de Pádua. "Se eu conseguir convencer o júri de que esse homem é oportunista, ele sairá preso do tribunal", disse Ramalho.
Massini diz que o soco que Daniella teria levado de Pádua, conforme afirma a acusação, não seria suficiente para fazê-la desmaiar.
Massini afirma ainda que havia no pescoço da atriz uma escoriação condizente com o golpe conhecido por "gravata", que Pádua diz ter aplicado em Daniella.
Outro aspecto no qual Massini discorda de Oliveira é quanto ao local do crime. Oliveira afirma que Daniella foi morta em outro local, por não haver sangue no terreno.
Já Massini afirma que, estando desacordada no chão ao ser morta, o sangue da atriz ficaria dentro da cavidade torácica. De acordo com o laudo cadavérico, ressalta o perito, Daniella morreu por causa de hemorragia interna.
"Se for convocado, presto depoimento, mas não vou defender Guilherme. O que faço é apresentar minha análise do laudo e as contradições que encontrei no documento apresentado pelos promotores", disse Massini.
Os réus seriam julgados hoje no Tribunal de Justiça do Rio. Anteontem, o juiz José Geraldo Antonio adiou o julgamento, a pedido da defesa de Paula, que alegou que não teria tempo para analisar documento assinado por Oliveira, anexado ao processo no dia 22.

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