São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Congresso quer mudar pacote de Menem

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

Em um dia marcado pela troca de farpas entre parlamentares e a equipe econômica da Argentina, os principais líderes do Partido Justicialista (situação) no Congresso anunciaram a intenção de mudar o pacote fiscal do ministro Roque Fernández (Economia).
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo López Arias, anunciou um acordo com os senadores para dobrar a alíquota do Imposto sobre Bens Pessoais -conhecido como imposto sobre a riqueza-, de 0,5% para 1%.
A alta interessa aos parlamentares, porque uma parte da arrecadação obtida com o imposto será destinada ao caixa das Províncias.
Os deputados e senadores também pretendem "regionalizar" o anunciado aumento dos combustíveis, mantendo inalterados os preços nas Províncias mais distantes de Buenos Aires e nas regiões de fronteira com o Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
O acordo prevê ainda o veto à imposição de IVA (Imposto sobre Valor Agregado) às tarifas de táxi e às entradas de eventos públicos como cinema e jogos de futebol.
Críticas
A cobrança do IVA sobre as mensalidades escolares deve ser limitada. Segundo Arias, o imposto só deve incidir sobre as mensalidades superiores a US$ 200.
O líder do bloco governista na Câmara, Jorge Matzkin, disse que as alterações previstas não reduzirão de forma significativa a arrecadação esperada pelo governo.
Pela manhã, Matzkin deu uma mostra do estado de tensão entre os deputados e a equipe econômica ao criticar o economista Carlos Rodríguez, assessor especial de Roque Fernández.
Matzkin ficou irritado com a declaração de Rodríguez de que seria "conveniente" privatizar o Banco da Nação Argentina.
Antes, Fernández havia contribuído para acirrar o clima de enfrentamento, ao responsabilizar o Congresso pelo pessimismo dos mercados. Segundo ele, as quedas registradas na Bolsa de Buenos Aires se devem à demora dos parlamentares em aprovar o pacote.
Anteontem, a bolsa registrou o menor volume de negócios do ano (apenas US$ 6 milhões) e o índice Merval caiu 0,57%, situando-se no nível mais baixo do ano.
Ontem, porém, houve recuperação. O Merval subiu 3,4%, impulsionado por fatores externos e pelo desmentido, por parte de Fernández, de que as ações da YPF (empresa petrolífera) em poder do Estado seriam vendidas em bloco.

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