São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Constrangimento; Atitude tardia; Como sempre; Crítica; Respeito

Constrangimento
"Gosto da Itália e admiro sua gente. Sobretudo pelo imenso e rico patrimônio histórico e cultural que aquela nação guarda para orgulho da humanidade. Mas está sendo cada vez mais constrangedor para nós, brasileiros, simplesmente tentarmos visitar a Itália.
Tenho lido constantes reclamações de turistas que são maltratados pelas autoridades italianas e pude sofrer na pele aquilo que pode-se chamar discriminação.
Imagino o que sofre um turista brasileiro que viaja pela primeira vez ao exterior e portanto tem passaporte novo, consequentemente nenhum carimbo (visto), faz crediário para pagar seu bilhete aéreo na classe turística, leva contado cerca de US$ 2.000 -resultado de anos de economia- para realizar um sonho acalentado por tanto tempo.
Ano passado entrei na Itália via Veneza e passei por um interrogatório nada agradável no setor de imigração. Em 17/8, ao chegar ao aeroporto de Fiumicino (Roma), qual foi a minha surpresa ao perceber que, definitivamente, as autoridades italianas não gostam de brasileiros.
Se não, vejamos: mostrei o passaporte bastante utilizado, repleto de vistos, e sucedeu-se uma verdadeira bateria de perguntas, seguidas de olhares lotados de muita desconfiança. Pediram-me a passagem, folhearam-na algumas vezes do início ao fim e vice-versa e, não obstante, perguntaram-me onde estava o bilhete de volta.
Sem pestanejar, apenas acenei estar no bloco que já se encontrava nas mãos do fiscal. Mesmo após haver conferido todos os bilhetes solicitados -diga-se de passagem, de primeira classe- ainda me perguntaram quanto dinheiro tinha.
Informei que além do dinheiro havia trazido vários cartões de crédito e, mesmo assim, insistiram em ver 'o tal' dinheiro, como se fosse eu um mentiroso, tivesse aparência de criminoso ou coisa que o valha.
É lamentável enfrentar problemas como esses depois de eleger a Itália como parada de uma curta temporada de descanso. No mínimo constrangedor viver tudo isso, sendo observado por uma dezena de turistas de outras nacionalidades, ansiosos para ser atendidos e sendo obrigados a aguardar sua vez atrás de mim.
O povo italiano é conhecido por sua hospitalidade e alegria propagadas por nossos ascendentes e por sua comunidade, uma das maiores viventes no Brasil.
Mas falta cobrarmos das nossas autoridades diplomáticas que exijam mais respeito ao viajante brasileiro, que merece ser recebido com a mesma cordialidade com que trata e recebe tantos turistas e imigrantes. Senão continuaremos a ser tratados e chamados de macacos da república das bananas."
Gugu Liberato, apresentador (São Paulo, SP)

Atitude tardia
"Desejo congratular-me com o autor do editorial 'Reage SP' (18/8). A sociedade de São Paulo está iniciando um projeto louvável, embora tardio.
Essa atitude há muito deveria ter sido tomada, particularmente se a imprensa local não fosse tão comprometida ideologicamente e bajuladora ao extremo da 'eminência vermelha' que subverte parte desse bravo povo. Não preciso citar nome, pois todos sabem.
O Nordeste brasileiro, com toda a sua miséria e suas desigualdades, jamais permitirá que tamanha violência por aqui viceje.
Penso que aí está faltando autoridade, para não dizer coragem física e moral.
Reaja, São Paulo!"
Rui Pinheiro Silva (Fortaleza, CE)

Como sempre
"Collor de Mello, adiado indefinidamente, Daniella Perez, idem. Nada de novo no front."
Luiz Edgard Bueno (Londrina, PR)

Crítica
"Não me dirigi à seção de cartas dos leitores ou ao ombudsman desta Folha porque não é meu desejo polemizar.
A democracia só é democracia se estiver sob o império das responsabilidades. Assim, creio que o jornal é responsável, pela acolhida em suas páginas, por todos os artigos, ainda que assinados.
Tenho certeza que o editor da área leu o artigo do sr. Luís Mott (Mais! de 11/8) e terá pensado: esse artigo vai gerar muita polêmica, e com isso ganharemos leitores, anunciantes etc. etc...
Ele estará certo se a Folha for um jornal que não cresceu o suficiente para assumir posições de dignidade moral que podem, até, reverter em críticas de certo tipo de leitores, mas que asseguraria a fidelidade de uma parcela que se pode dizer muito sensível à guarda de valores ditados pela moral cristã.
Não deve ser o fato de ser texto assinado que dá o 'imprima-se' a qualquer pensamento. Há os que provém de pessoas classificadas como esquizofrênicas morais, isto é, que são moralmente loucos, ainda que acobertados por uma aparente capa de cultura universitária (discutível no caso, pois aquele senhor não sabe, por exemplo, que 'leis extravagantes' é um termo usado para designar leis não codificadas e não leis esdrúxulas, ou ainda, 'polaco' é um gentílico que qualifica e dignifica os cidadãos da Polônia, e não tem só o sentido que ele conhece de prostitutas, mais e sobretudo, 'amor' não está coarctado ao significado de relações sexuais, mas isso seria difícil de explicar para ele).
Assim, na qualidade de ex-leitor do jornal, estou devolvendo a coleção da enciclopédia dominical, vez que não a completarei.
Leitores, como eleitores, se conquistam! Velho jornalista subscrevo-me com o meu sinto muito!"
Walter G. de P. Castro (Rio de Janeiro, RJ)

Respeito
"Venho pedir o respeito à figura do excelentíssimo senhor presidente. Parem com o uso de sigla em relação ao nosso excelentíssimo presidente.
O plano está bom, com bons preços."
Humberto Nunes (Florianópolis, SC)

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