São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Frentista diz que repete versão 'cem vezes'

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O fato de os frentistas Antônio Clarete de Moraes e Flávio de Almeida Bastos se conhecerem antes de Daniella Perez ser morta é indício, para a defesa dos acusados, de que são falsos os testemunhos apresentados por eles.
Moraes, 37, e Bastos, 22, são trunfos da promotoria contra os réus. O relato dos frentistas só foi conhecido oito meses após o crime. Eles foram convencidos a depor pela mãe de Daniella, a novelista Glória Perez.
Bastos diz ter visto Pádua agredir Daniella e levá-la para dentro de um carro momentos antes de ser assassinada. Ele trabalhava no posto Alvorada, na avenida que liga os bairros da Barra da Tijuca (zona sul) e Jacarepaguá (oeste).
Moraes afirma que lavou o Santana de Pádua pouco depois do crime. Ele era empregado do posto Nova Ipanema, na Barra da Tijuca.
A defesa dos réus suspeita da maneira como os frentistas apareceram no processo.
Localizados por Glória Perez, eles contam histórias que comprometem os acusados e se complementam. Bastos teria presenciado o ataque à vítima, e Moraes, a tentativa de acabarem com provas.
O que intriga as defesas é que, mesmo trabalhando em locais diferentes, os frentistas se conheciam. Moraes disse ontem que conheceu Bastos no posto Nova Ipanema. "Flávio calibrava pneus."
Para Paulo Ramalho, defensor de Pádua, "é coincidência demais" eles se conhecerem antes de o crime ter acontecido.
Moraes disse que se arrependeu de ter atendido Glória Perez. "Minha vida mudou muito depois. Estou desempregado há três anos."
Apesar de arrependido, Moraes afirma que manterá o depoimento. "Vou repetir cem vezes que lavei o carro. E se me pressionarem muito vou dizer que tem mais três colegas do posto que confirmam minha história", disse ele.
Segundo o frentista, o banco traseiro estava manchado de sangue. Ele disse que removeu a mancha com um composto de sabão, loção para estofados e querosene.
Moraes afirmou que Pádua era o motorista do carro. Pádua estaria acompanhado de uma mulher que usava óculos escuros. Ele disse não ter condições de apontar Paula como sendo essa mulher.

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