São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Garoto da praça diz ter 12 anos, mas aparenta 7

DA REPORTAGEM LOCAL

A. diz que tem 12 anos. Sua estatura é a de uma criança de 6 ou 7. Sujo, com feridas nas mãos e usando um paletó bege alguns números maiores que o seu, ele passa boa parte do seu tempo catando migalhas de crack pelo chão da praça Júlio Mesquita para poder fumar.
"Saí de casa porque meu pai batia na minha mãe. Mas meu pai está bem de vida, tem até carro", diz.
Seus colegas de rua não têm histórias muito diferentes da sua. Todos vivem em função do crack.
Comida é uma raridade. Alguns deles conseguem algumas frutas passadas em um mercado na praça. Outros acabam se contentando com uma distribuição de pães.
O consumo da droga é constante, desde a hora em que eles acordam. Nem mesmo a presença da reportagem os assusta. Agressivos e arredios, rejeitam qualquer tentativa de iniciar uma conversa.
Enquanto um grupo de garotos condiciona a permanência da reportagem entre eles à doação de sanduíches, um homem aparentando cerca de 30 anos desfaz qualquer esperança de comunicação: "Vivi 22 anos na rua e cansei deste papo de ajuda. Não queremos ninguém aqui", encerra.

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