São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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O governo Maluf

O governo Maluf
ODILON GUEDES
Está chegando ao fim

ODILON GUEDES

Está chegando ao fim o governo Maluf, e podemos afirmar, mais uma vez, que o prefeito continua o mesmo. Ele fala que prioriza as áreas sociais, mas até julho deste ano a Secretaria das Vias Públicas já havia consumido 182,44% da dotação original e é a secretaria que mais consome recursos.
Prega a moralidade pública, mas modificou contratos que Jânio fez com empreiteiras, havendo fortes indícios de superfaturamento. O contrato dos túneis do Ibirapuera passou, a preços de junho de 1996, de R$ 182 milhões para R$ 665 milhões. Até obras encerradas, como os túneis do Anhangabaú, receberam, só em 1996, R$ 40 milhões.
Dizia que iria diminuir os gastos com transporte coletivo. Mas, hoje, as planilhas de custo da passagem de ônibus estão infladas, com a inclusão de mais 4.000 motoristas e 3.600 cobradores que não constam da folha de pagamento das empresas. Somando todo o subsídio, só em 1996 a prefeitura desembolsou, até julho, R$ 126 milhões, mesmo com as tarifas mais altas da história da cidade.
Na campanha eleitoral de 1992, espalhou cartazes com a frase: "Votou no PT tomou no IPTU". Na chefia do Executivo, aumentou a arrecadação do IPTU de R$ 240 milhões em 1993 para R$ 700 milhões em 1996, conseguindo essa diferença via aumento da alíquota da periferia. Enquanto em 1996, em média, o IPTU da zona norte aumentou 30,75% e da zona leste 27,24%, o dos Jardins aumentou 12,42%, e, na rua Costa Rica, onde ele mora, diminuiu 8%. Em 1992, prometeu 120 mil casas populares. Faltando quatro meses para encerrar o mandato, entregou só 3.500 apartamentos do Cingapura.
Ele afirma que a situação financeira do município está sob controle. De janeiro de 93 a junho de 96, aumentou a dívida de R$ 2,3 bilhões para R$ 5,8 bilhões. Esse aumento já afeta as contas públicas. Atualmente, o gasto com a dívida é o segundo maior gasto do município, à frente de secretarias como Saúde e Educação. Este ano, foram aprovados no Orçamento, para gastar com a dívida, R$ 690 milhões; só até julho, já foram gastos mais de R$ 800 milhões.
Dia 19 de agosto passado, publicou artigo na Folha posando de democrata -artigo já respondido brilhantemente pelo jornalista Clóvis Rossi. Nunca é demais lembrar que o sr. Maluf começou sua carreira como prefeito biônico, nos braços da ditadura militar. Quando era governador, e as professoras fizeram greve, afirmou que elas participavam do movimento porque eram malcasadas.
O prefeito é o mesmo que conhecemos de longa data. O que o sr. Duda Mendonça fez foi simplesmente mudar sua imagem, com todas as implicações que isso traz para a sociedade brasileira.

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