São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Trauma da Olímpíada faz CBF 'africanizar' a seleção

ARNALDO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A AMSTERDÃ

A Confederação Brasileira de Futebol, ainda traumatizada pela derrota para a Nigéria na Olimpíada de Atlanta, decidiu "africanizar" a seleção, para evitar novas surpresas em competições futuras.
Convencida de que os africanos são "a potência emergente do futebol", a CBF optou por incrementar o intercâmbio com equipes do continente na fase de preparação para a Copa do Mundo de 1998, na França.
Segundo o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, o Brasil deve fazer dois amistosos contra times da África ainda este ano.
Em Moscou, onde o Brasil empatou em 2 a 2 com a Rússia, Teixeira manteve entendimentos com o presidente da Confederação Africana de Futebol e deve confirmar nos próximos dias as partidas contra Nigéria e Camarões.
Revanche
A "revanche" contra os nigerianos, que venceram o Brasil por 4 a 3 em Atlanta e depois foram campeões olímpicos diante dos argentinos, deve ser disputada no dia 9 de outubro.
O jogo contra os camaroneses está programado para o dia 13 de novembro.
Em 18 dezembro, na última partida do ano, a seleção deve enfrentar um adversário asiático.
"Precisamos sair do circuito Europa-América do Sul e conhecer melhor os outros centros", afirmou Teixeira.
"Mesmo porque, no ano que vem, enfrentaremos França e Itália, num torneio europeu, e seleções sul-americanas, na Copa América", argumentou.
O técnico Zagallo concordou com a nova estratégia da CBF. Ele é um dos que teme a evolução dos africanos.
"O intercâmbio com a África é muito importante. Na minha opinião, o futebol deles é o que mais cresce no momento no mundo. Se perderem a inocência, ficará difícil vencê-los", afirmou.
Miniexcursão
A seleção brasileira desembarcou ontem em Amsterdã, Holanda, onde sábado enfrenta a seleção local, no último jogo da miniexcursão à Europa.
O atacante Ronaldinho, que já jogou no futebol holandês, defendendo o PSV Eindhoven, foi o centro das atenções entre os repórteres locais.
Zagallo afirmou que a equipe brasileira deve ser a mesma que empatou com a Rússia anteontem, em Moscou.
O volante Mauro Silva, que não foi liberado pelo La Coruña, da Espanha, para o jogo contra os russos, também não deve enfrentar os holandeses.
Porém, a CBF não desconvocou o jogador e promete pedir junto à Fifa uma punição ao clube espanhol.
Base
"Vou manter o time porque já estou formando uma base para a Copa América de 97 e para a Copa de 98. Preciso ir descobrindo a equipe ideal, sem fazer muitas mudanças", afirmou Zagallo.
Ele espera uma melhor exibição contra os holandeses.
"Pelo menos não vamos entrar crus. Estaremos mais descansados e mais treinados, com mais condições de apresentar um bom futebol", disse.
Segundo o treinador da seleção, "a Holanda é um adversário de respeito".
O jogo será disputado às 15h (horário de Brasília), no Amsterdam Arena, novo estádio do Ajax.

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