São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Marrocos vai muito além do cuscuz

EITAN ROSENTHAL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde ontem, até o próximo dia 7, o paulistano terá uma chance rara de provar de uma refinada culinária nacional no festival "Cores e Sabores do Marrocos", promovido pelo hotel Maksoud Plaza, num banquete preparado pela equipe do famoso hotel La Mamounia, de Marrakesh.
Dez pessoas, entre cozinheiros, maŒtres, músicos, uma dançarina e o chefe Ali Benmassaoud, além do hoteleiro-mor do La Mamoumia, Robert Bergé, vão mostrar, dentro de uma típica tenda armada no lobby do hotel, por que a cozinha marroquina é considerada uma das mais sofisticadas do mundo.
O ritual gastronômico marroquino envolve, além de uma comida cuidadosamente elaborada, uma longa tradição de hospitalidade e requintes à mesa. Num típico banquete familiar, chamado "diffa", os convidados se sentam recostados em almofadas, têm suas mãos lavadas por um empregado ou pelo filho mais novo do anfitrião e comem com a mão -sempre a direita. Se os convidados são importantes, o abate de um carneiro é a prova de elevada estima e reconhecimento.
Uma sequência típica de pratos, reproduzida no festival, começa com a "bastilla", uma espécie de pastel de massa folheada bem fina, recheada com carne de pombo, ovos cozidos no caldo das aves, amêndoas fritas e cebolas, coberto com canela e açúcar cristal. É comum as meninas marroquinas serem treinadas desde muito cedo para atingirem um dia a perfeição no preparo da massa que compõe este prato.
Em seguida é servido o "meshwee", carneiro assado na brasa, e depois uma "tagine", que é um cozido de carnes, peixes ou aves com elementos doces (ameixas e conservas de limão ou marmelo) ou com vegetais como a alcachofra. Todos os pratos revelam uma presença forte de cominho, gengibre, pimenta e "ras-el-hanout", uma fórmula secreta que combina sete diferentes especiarias.
Cuscuz marroquino
Completa o banquete o mundialmente conhecido cuscuz marroquino, em que a sêmola (farinha granulada de trigo de grão duro) é preparada, em panela própria, no vapor do cozimento de carne de carneiro com, no mínimo, sete legumes. É o chamado "couscous beidaoui", típico de Casablanca, mas há variantes usando peixes, aves e até cebolas caramelizadas.
O cuscuz é um capítulo à parte na gastronomia marroquina. Cada família tem a sua receita particular, cuja formulação é passada, como um tesouro, de geração em geração. Viajantes relatam chegar em aldeias remotas nas montanhas do Marrocos, procurarem o restaurante local, pedirem o prato (único) da casa e, invariavelmente, saírem maravilhados com uma sutil variação da mesma fórmula.
A refeição ritual, no Marrocos, se completa com frutas da estação: pêra, pêssegos e cerejas dos sopés das montanhas Atlas, melões e tangerinas, que, aliás, ganharam este nome por causa da cidade de Tanger. E, por último, os doces, presentes no festival, como a "bastilla" de leite ou o "chifre de gazela", uma massa de amêndoas na forma sugerida pelo nome.
Chá de menta
Uma família marroquina muçulmana vai fazer sua refeição acompanhada de água mineral, mas no festival será servido vinho rosê. Em ambos os casos, o último gole da noite será sempre do perfumado chá de menta, que pode, e deve, ser repetido à saciedade.
O hotel La Mamounia já recebeu hóspedes como Charles Chaplin e Marlene Dietrich. Seus jardins foram locação para as filmagens de "O Homem que Sabia Demais", de Hitchcock.

Festival: Cores e Sabores do Marrocos
Onde: hotel Maksoud Plaza (al. Campinas, 150, tel. 253-4411, Bela Vista)
Quando: a partir das 19h, até 7 de setembro
Quanto: R$ 35 (por pessoa)

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