São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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"Amnésia" debate punição

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Em 1995, três filmes dominaram o Festival de Gramado - Cinema Latino: o brasileiro "Felicidade É" levou o prêmio do público, o mexicano "O Beco dos Milagres" ficou com o da crítica, e o chileno "Amnésia", que estréia hoje na cidade, ficou com o Kikito de melhor filme latino dado pelo júri oficial.
O presidente dos jurados, o escritor e cineasta francês Alain Robbe-Grillet (parceiro de Resnais no clássico "O Ano Passado em Marienbad"), considerou o filme de Gonzalo Justiniano o mais "imagético" dos concorrentes. Nem tanto assim.
"Amnésia" é um eficiente drama político que parte de um reencontro. Desta vez, não se trata de um torturador e sua vítima, como no recente "A Morte e a Donzela", que Polanski adaptou da peça de Ariel Dorfman.
Vingança
Aqui, depois de anos e anos, é um ex-militar subalterno, o humanista recruta Ramirez (Pedro Vicuña, justo melhor ator em Gramado), que tropeça na rua com o despótico e sanguinário comandante Zuñiga de um campo de prisioneiros políticos.
A um só tempo vítima e instrumento dos abusos de Zuñiga, que recorda em dolorosos flashbacks, Ramirez localiza o único sobrevivente da truculenta repressão para prepararem juntos o terreno para a vingança.
Punição
"Amnésia" vai se concentrar no debate da punição aos carrascos de ontem, tema recorrente nas manchetes dos jornais latino-americanos mesmo depois das anistias mais ou menos amplas, gerais e irrestritas.
Gonzalo Justiniano não renova o cinema político, mas desenvolve com rigor seu pequeno teorema, que sabiamente evita o editorialismo.
Num período sem maiores vôos do cinema latino-americano, não surpreende que tenha conquistado algum destaque.

Filme: Amnésia
Produção: Chile (1995)
Direção: Gonzalo Justiniano
Quando: a partir de hoje, no Espaço Unibanco, sala 5, às 15h20, 17h, 18h40, 20h20 e 22h

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