São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996
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Troca de títulos alonga perfil da dívida

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Tesouro Nacional conseguiu alongar o perfil da dívida interna ontem, por meio de um leilão de títulos públicos.
Mas isso vai provocar um impacto negativo de R$ 1,1 bilhão no caixa do Tesouro, no curto prazo.
No leilão de ontem, o Tesouro resgatou R$ 8,4 bilhões em títulos e colocou outros R$ 7,3 bilhões no mercado. Essa diferença, de R$ 1,1 bilhão, foi paga aos investidores em dinheiro.
Isso significa que esse pagamento vai impactar as despesas da execução financeira do mês de agosto.
12 meses
Por outro lado, o alongamento do perfil da dívida é positivo para o governo porque ele permite o refinanciamento da dívida.
Parte dos títulos vendidos ontem tem remuneração prefixada e prazo de 12 meses para resgate, condições inéditas desde a década de 70, segundo o governo.
O saldo acumulado das contas do Tesouro de janeiro a julho está negativo em R$ 5,39 bilhões.
Para reduzir despesas com pessoal, o governo deve adotar algumas medidas depois das eleições municipais.
As medidas em estudo prevêem a criação de um programa de demissão voluntária para os servidores públicos -o governo espera a adesão de 40 mil pessoas- e uma nova jornada de trabalho de quatro horas com redução de salário.
O Tesouro vendeu R$ 600 milhões de LTNs (Letras do Tesouro Nacional) com prazo de resgate de 12 meses. Esses títulos são prefixados, com rentabilidade média anual de 24,19%, o que representa juros mensais de 1,82%.
Para esse estoque, houve uma demanda de R$ 4,236 bilhões. Ou seja: a procura foi maior que a oferta. Os interessados listam suas propostas, e o governo vende para quem oferece juro menor.
As mesmas LTNs, com prazo de 180 dias, tiveram a rentabilidade fixada em 1,84% ao mês. Foram vendidos R$ 3,7 bilhões desses títulos, com oferta de R$ 12,55 bilhões.
Confiança
O secretário do Tesouro, Murilo Portugal, disse ontem que a rentabilidade menor para os títulos de prazo maior mostra que o mercado está confiante na queda das taxas de juros e da inflação.
Segundo o secretário do Tesouro, a política do governo é colocar títulos prefixados no mercado, aumentando o prazo. O maior período de resgate para os títulos públicos era de nove meses.
Portugal disse que há mais de 20 anos que esses papéis, prefixados e com um ano de resgate, não são colocados no mercado.
Hoje, 52% da dívida interna são de títulos prefixados. Em julho, o estoque da dívida mobiliária federal era de R$ 101,8 bilhões.

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