São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996
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Partícula causa mais internações

DA REPORTAGEM LOCAL

Estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, feito entre 1992 e 1993, mostrou que 17% das internações de crianças por problemas respiratórios se deviam às partículas inaláveis.
Os casos motivados por monóxido de carbono foram estatisticamente desprezíveis, segundo Alfésio Luís Ferreira Braga, 33, do Laboratório de Poluição Atmosférica Ambiental da USP.
Outras pesquisas mostraram que as partículas são o poluente mais determinante para o aumento da mortalidade entre pessoas idosas verificada no inverno.
"Costuma-se dar muito valor ao monóxido de carbono, quando em São Paulo outros poluentes mereceriam tanta ou mais preocupação, como é o caso das partículas, dos óxidos de nitrogênio e dos óxidos de enxofre", diz Braga.
Em sua opinião, só é possível atacar os poluentes de maneira global. "Não dá para combater apenas o monóxido. É preciso combater todos juntos, porque a poluição é uma mistura e há grande interdependência", explica.
O pesquisador, que pertence à equipe do médico Paulo Saldiva, afirma que a média anual de partículas presentes no ar da Grande São Paulo está sempre em nível nocivo à saúde.
Efeitos
Elas contribuem para aumentar os problemas respiratórios, porque são tão pequenas que podem ser aspiradas na respiração. As partículas se depositam ao longo do sistema respiratório, provocando irritação e desencadeando crises de asma e bronquite.
Há indícios de que as partículas da fumaça preta dos veículos diesel contribuam para o aparecimento de câncer.
Atendimentos
O Pronto-Socorro do Instituto da Criança não registrou diminuição no atendimento a pacientes com doenças respiratórias durante o rodízio de veículos.
Em janeiro deste ano, 17,8% dos casos registrados foram de crianças com problemas respiratórios. A média de agosto (nos 18 primeiros dias) foi de 32%.
A situação foi semelhante ao verificado no ano passado, quando não houve rodízio -um aumento de 19,7% (em janeiro) para 30,8% (durante o inverno).
Para Feldmann, que justifica o rodízio como uma medida preventiva de saúde pública, é preciso considerar que as condições meteorológicas dos períodos foram diferentes. "Além disso, o período usado na comparação é muito curto", disse.

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