São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996
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Operação Rodízio ataca poluente 'errado'

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O rodízio de carros, que foi encerrado ontem, atacou poluente que não é o mais prioritário do ponto de vista da saúde pública, segundo indica estudo da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) abrangendo o período de 1981 a 1994.
Segundo os organizadores da operação, seu principal alvo era o monóxido de carbono produzido por carros. Mas são as partículas inaláveis -poeira muito fina, possível de ser aspirada- o poluente que mais preocupa, especialmente em agosto.
Há quatro motivos para isso:
1) O número de vezes em que tem sido registrado nível de partículas acima do aceitável cresceu nos últimos oito anos. No caso do monóxido, vem caindo desde 1992.
2) Desde 1981, as partículas inaláveis já provocaram na Grande São Paulo dois estados de emergência -episódio crítico de poluição que exige até a paralisação de atividades industriais. O monóxido só provocou um estado de alerta, menos grave.
3) O mês definido para a operação, agosto, é o pior período em termos de concentração de partículas inaláveis. Para o monóxido, o período crítico é o mês de junho, seguido por julho e, depois, agosto, segundo o estudo.
4) Técnicos da empresa e médicos que pesquisam os efeitos da poluição em São Paulo afirmam que o efeito das partículas no ser humano é cumulativo, isto é, se agrava ao longo do tempo. O monóxido oferece maior risco em altas concentrações, mas tem efeitos nocivos pouco duradouros.
Caminhões x carros
Atacar o monóxido de carbono significa basicamente tirar veículos da rua. Para as partículas inaláveis, o combate é mais complexo.
Os caminhões são mais poluidores que os carros no que toca às partículas. Eles geram perto de 18% do total. Os carros, 10%.
Um quarto das partículas é poeira que estava assentada e é ressuspensa, inclusive pela ação de veículos. Outro quarto se forma no ar, a partir de outros poluentes.
Outro lado
O diretor da Operação Rodízio, Alfredo Szwarc, afirma que operacionalmente mostrou-se mais fácil combater agora o monóxido de carbono, usando o rodízio. "Todos os poluentes merecem atenção, mas é praticamente impossível combater todos de uma vez, porque exigem soluções diferenciadas", disse.
Segundo Cláudio Alonso, gerente de qualidade do ar da Cetesb, o rodízio não é apenas importante por seus efeitos diretos sobre a poluição, mas também pelo seu papel na educação ambiental da população.

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