São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996
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Roteiro para unir-se ao concorrente

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O livro chega ao Brasil com dois anos de atraso, mas continua atual. Principalmente para quem não digeriu a recente venda da Metal Leve para a fabricante alemã de pistões Mahle, junto com a Cofap e o Bradesco.
"Alianças estratégicas - Uma abordagem empresarial à globalização", é um bom guia para enfrentar um fenômeno que ameaça a sobrevivência das empresas.
Os autores, Michael Y. Yoshino (professor da Harvard Business School) e U. Srinivasa Rangan (Babson College), defendem a adoção de alianças estratégicas entre empresas como um instrumento eficaz para garantir a competitividade na era da globalização.
Essas alianças superam os conceitos de fusões e "joint ventures". São definidas como parcerias comerciais que aumentam a eficácia das estratégias competitivas, propiciando o intercâmbio mútuo e benéfico de tecnologias, qualificações ou produtos.
O livro explora com competência as parcerias de gigantes como Ford, Motorola, IBM, Siemens, Toshiba, Dupont, Sony, GM, Hitachi e outros. As mais detalhadas são os da Ford e os da Motorola, envoltas em alianças pela aldeia global de Mac Luhan.
Uma das primeiras lições é que tais alianças não devem ser vistas como uma contingência de curto prazo, e sim como alavancas de competitividade a longo prazo.
O que não se pode fazer é fugir delas. Nas palavras do fundador da Sony, Akio Morita, "uma empresa não é uma ilha. Em um mundo interdependente, deve pensar em trabalhar com as outras se quiser concorrer no mercado global".
Unir-se ao "inimigo" -em muitos casos asiáticos- não é fácil. Para os autores, as novas alianças combinam elementos competitivos e cooperativos em um ambiente de controle compartilhado. Daí a necessidade de dominar novas qualificações gerenciais.
Yoshino e Rangan dão o caminho das pedras para a formação de alianças duradouras e proveitosas, embora alertem para o fato de não haver uma única receita de sucesso. Eles refutam os argumentos contra as alianças, inclusive os do venerado Michael Porter, colega de Yoshino em Harvard. Em 90, Porter disse que as alianças estavam "condenadas ao malogro".
Para a dupla, "as alianças possibilitam às empresas se concentrar e investir em algumas competências vitais selecionadas, alavancar as competências de outras empresas e, assim, se transformar em temidos concorrentes globais".
No cenário brasileiro, a Metal Leve seria um bom exemplo. A Cofap poderá obter, na aliança com a Mahle e o Bradesco, a vantagem competitiva global que lhe falta na área de anéis. A Metal Leve poderia ilustrar o lado fraco das "alianças de racionalização", em que um dos concorrentes desaparece.
Os autores devem explicações para o caso da Autolatina, extinta aliança Ford e da Volkswagen, citada como exemplo de sucesso.

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