São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996 |
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Caetano e Gal promovem volta aos anos 60
MARISA ADÁN GIL
Na reunião de Gal Costa e Caetano Veloso, sorrisos cúmplices e passos de dança criaram o clima de cumplicidade necessário. Mas o que importou mesmo foi o entendimento musical estabelecido entre a dupla. Juntos, os dois revisitaram décadas de MPB. Do cruzamento de carreiras, surgiram três possibilidades: a volta aos anos 60, início de tudo; a recriação dos 70 e 80, em soluções interpretativas inéditas; e a nostalgia assumida dos 90, nas composições de Caetano para o filme "Tieta do Agreste". Único elemento contemporâneo na mistura, a banda feminina de percussionistas Didá deu a partida ao show com a música-tema "Luz de Tieta". O público, ainda frio, resistiu à força do ritmo baiano (depois, dançaria a mesma música no final do show). O batuque lírico engendrado por Caetano para o filme seguiu com "Venha Cá", na voz de Gal, e "Motor da Luz", uma das melhores do disco -e também uma das mais nostálgicas. Sentado no chão, Caetano acompanhava ao violão o choro de uma sanfona. "Coração-pensamento" parece ter sido feita sob encomenda para João Gilberto. Ao vivo, seus versos delicados e sua batida bossa-nova foram sublinhados com exatidão por um luxuoso baixo acústico. A primeira solução inusitada da noite veio com "Coraçãozinho" (também da trilha de "Tieta"), encadeada com "O Que Será". Com os tambores da Didá, a música de Chico Buarque e Milton Nascimento virou uma festa dançante. Para completar a metamorfose, Caetano mudou alguns versos: "E nem todos os santos, toda a Bahia..." Depois de um número excessivamente longo só com a Didá -talentosa, mas ainda sem o carisma de um Olodum-, Gal partiu para o melhor momento da noite. "Vapor Barato" (do disco "Fa-Tal", de 1971) calou a platéia do Palace, hipnotizada pela interpretação sublime da cantora. Caetano quebrou o clima com "Cinema Novo". Voltariam de novo aos 60 com "Coração Vagabundo" (do disco "Domingo", de 1967) e "Baby" (de 1968). Houve mais duas soluções inéditas: Caetano e Gal cantando "Tá Combinado" (conhecida na voz de Bethânia) e "Tigresa" em ritmo de samba-reggae -funcionou, mas perdeu um pouco do encanto. Despediram-se com "Vento", também da trilha, apenas para voltar com o bis de "Luz de Tieta" e "O Que Será". Era o final do encontro. Texto Anterior: Boas tradições italianas continuam Próximo Texto: Fãs invadem palco no final Índice |
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