São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996 |
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Violência é o pior problema da cidade
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Há sete anos, desde dezembro de 1989, um tema não preocupava tanto os habitantes da cidade. Naquele mês, 29% dos paulistanos consideravam o transporte coletivo o maior transtorno municipal. O maior motivo para a preocupação com a criminalidade ter quase triplicado no período -era 10% em abril- parece ter sido a repercussão alcançada na mídia pelos recentes casos de violência contra pessoas de classe média. Se não houve aumento do número de homicídios, cresceu a percepção de que os crimes estão se tornando mais brutais e cruéis. Os casos de latrocínio em Moema (zona sul), nos quais jovens foram mortos sem reagir, e as tentativas de assaltantes de atearem fogo nas vítimas na Pompéia (zona oeste) e em Higienópolis (centro) foram os mais simbólicos. A pesquisa mostra que a falta de segurança é tida como o maior problema da cidade principalmente pelas pessoas brancas (31%), com nível superior (33%), maior renda (36%) e mais idosas (35%). São os formadores de opinião. Os jovens (21%), pardos (24%) e paulistanos com menor escolaridade (28%) e renda (27%) -principais vítimas de homicídio na capital- se preocupam proporcionalmente menos com a violência. Os mais pobres (12%), os que só estudaram até o 1º grau (16%) e os paulistanos de 16 a 24 anos (21%) se dizem mais preocupados com a questão do emprego do que os mais escolarizados (5%) e com renda acima de R$ 2.240,00 (7%). Não é por acaso: o desemprego é maior entre jovens e trabalhadores com pouca qualificação. A preocupação com o tema cresceu de 11% em abril para 13% nesta pesquisa. Maior problema da cidade na opinião de 14% dos entrevistados, a saúde preocupa igualmente os paulistanos mais pobres quanto os mais ricos (12%). A inquietude chega a 18% entre os que têm renda de R$ 1.124,00 a R$ 2.248,00. A questão perdeu importância no universo de preocupações dos paulistanos. Com 17%, a saúde era o problema mais citado em abril. Com a seca, as enchentes passaram a preocupar só 2% dos moradores da cidade. O tema só é muito citado em pesquisas feitas em meses de chuva -como em abril de 95 (16%) e deste ano (11%). Eleição A preocupação com o tema é menor entre os petistas (25%) e os eleitores de Luiza Erundina: 24%. LEIA MAIS sobre a violência nas páginas 2, 3 e 4 Próximo Texto: Medo é maior onde a violência é menor Índice |
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