São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996 |
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Exame em bebê evita alergia e obesidade
JAIRO BOUER
A primeira pista de que uma criança pode desenvolver um quadro alérgico ou um ganho excessivo de peso vem das características dos próprios pais. Filhos de pais alérgicos têm maior propensão a desenvolver uma alergia. Pais obesos também aumentam a chance de seus filhos serem mais "gordinhos". Alguns estudos indicam que crianças obesas já apresentam alterações no colesterol (gordura no sangue), e, quando adultas, morrem mais cedo (leia texto abaixo). No caso das alergias, um teste que colhe o sangue do cordão umbilical do bebê logo após o parto dá a primeira dica. Pela análise das células do sangue (linfócitos), o alergista consegue saber se a criança tem maior chance de ser alérgica e a que tipo de substâncias -ou alérgenos- ela está mais sensível. Baseado nesses resultados, um esquema de proteção é estabelecido para evitar o contato da criança com os alérgenos nos primeiros meses de vida. O ácaro -animal microscópico- é um dos principais alérgenos conhecidos. Hoje, a população de ácaros domésticos inclui os que vivem no pó e aqueles que, antigamente, estavam restritos aos grãos de alguns alimentos. Remover tudo que acumula pó -como cortinas, carpete, tapetes, almofadas, bichos de pelúcia e livros velhos- do quarto das crianças é o primeiro passo. Revestir colchões e travesseiros com um tecido especial -constituído por microporos que não deixam os ácaros passarem- é outra idéia. O cigarro deve ser evitado dentro da casa. Algumas proteínas dos alimentos também podem desencadear alergias. As mais comuns são a albumina presente nos ovos e a lactoalbumina, do leite de vaca. Segundo Charles Naspitz, professor titular de alergia e imunologia clínica do departamento de pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), quanto antes o programa for iniciado, maior a chance de evitar alergias. Mesmo nas crianças que já apresentam um problema de alergia, a proteção ambiental pode frear a "marcha alérgica". Marcha alérgica é a progressão que a criança tem para quadros alérgicos cada vez mais complexos. Elas começam a ter alergia na pele (eczema), progridem com os anos para um quadro de rinite e, depois, passam a sofrer crises de asma. Segundo Naspitz, 50% a 60% das crianças com eczema acabam tendo asma. Texto Anterior: Prefeito 'escapa' de temas ruins Próximo Texto: Como proteger seu filho das alergias e da obesidade Índice |
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