São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Desemprego é o problema na zona leste

DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de segurança divide a preocupação dos moradores do Itaim Paulista (zona leste de São Paulo) com o desemprego, segundo pesquisa Datafolha.
Entrevistados pela reportagem, moradores listaram ainda educação, saúde e transporte.
Edvaldo Batista Sobral, 32, é um curioso retrato da opinião corrente no bairro. Segurança desempregado, Sobral crê que a região seja bastante violenta por causa do desemprego. "Se não tem emprego, não tem segurança."
"Tem gente que fica sem dinheiro e acaba fazendo bobagem. Posso estar 'duro', mas faço bico, me viro", diz o pernambucano, que nunca foi assaltado.
Mas mesmo quem está empregado tem o fantasma da demissão. "Estou voltando de férias hoje. Vamos ver se não me trocaram por outro por metade do salário", afirma José Cícero Vieira Macedo, 35.
Para o auxiliar de temperador, os maiores problemas da cidade são segurança, educação e saúde.
Homicídios
No salão do cabeleireiro João Antonio dos Santos, 46, a violência divide as opiniões entre o dono e sua cliente, Virgínia Magaldi de Oliveira, 27.
Ambos tiveram pessoas próximas assassinadas, mas divergem quanto à primazia da violência como principal problema da cidade.
"Um sobrinho meu foi assassinado em Guaianazes. O que está faltando é punição."
Virgínia, cujo amigo foi assassinado durante um assalto em um semáforo, acha que o desemprego é problema tão grande quanto a violência.
No salão, há um cartaz da campanha Reage São Paulo na zona leste, que propõe o desarmamento. "Eu tinha duas armas, mas percebi que não era o ideal. Gosto de sossego", diz Santos.
Droga
Para a dona-de-casa Cleonice Vieira, 26, a falta de segurança tem nome certo: drogas. Ela acha que a cidade sofre mais com falta de segurança, mas o maior problema do bairro é o desemprego.
Entrevistada quando carregava os dois filhos pelo centro de Itaim Paulista, ela diz que não tem medo de sair de casa.
"Nunca fui assaltada, mas tenho amigas que já foram estupradas." Seu marido, que trabalha como segurança, está desempregado há dois anos. "Ele vive de bicos em shows."

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