São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Mais de R$ 1 bi vai sobrar no BNDES em 96

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O fracasso nas previsões de empréstimos da Finame, a agência que financia máquinas e equipamentos, e o ainda tímido desempenho dos financiamentos às exportações farão com que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) feche este ano com uma sobra de caixa superior a R$ 1 bilhão.
Segundo Sérgio Besserman, diretor de Planejamento do banco, do orçamento para empréstimos de R$ 11,3 bilhões, o BNDES só deverá desembolsar entre R$ 9 bilhões e R$ 10 bilhões. De janeiro a julho, o total ficou em R$ 5,33 bi.
Os empréstimos da Finame ficaram até julho inferiores em 27% aos do mesmo período do ano passado, quando a previsão era de um crescimento de 30%.
O total liberado ficou em R$ 1,58 bilhão, contra R$ 2,18 bilhões dos primeiros sete meses de 95.
Sérgio Besserman disse que a principal razão para a queda nos financiamentos da Finame foi o pouco interesse dos bancos que fazem o repasse dos recursos, temendo os altos índices de inadimplência dos clientes.
Nos empréstimos da Finame, o BNDES utiliza os serviços de uma rede bancária credenciada para repassar os recursos. O banco repassador é o responsável pelo retorno do dinheiro, ganhando pelo serviço e o risco uma remuneração.
Mesmo o BNDES tendo aumentado essa remuneração de 2% para 3% do valor da operação, a rede de bancos não respondeu ao estímulo. A inadimplência do conjunto das operações bancárias chegou a 5% no ano passado e os bancos estariam sendo cautelosos na aprovação de novos empréstimos.
Já o programa de financiamentos às exportações criado este ano, com uma disponibilidade inicial de recursos de R$ 1 bilhão, ainda não decolou.
Segundo os dados do BNDES, esse programa mais o Finamex, uma linha da Finame especial para exportações, responderam até julho por apenas R$ 200 milhões no conjunto dos desembolsos do banco.
Crescimento
Mesmo com a expectativa de sobra de caixa, o BNDES deverá registrar este ano um aumento nos seus desembolsos em uma faixa próxima a 30%, mantendo a escalada de aumentos iniciada em 1994, quando houve um aumento de 71% em relação a 93.
Em números absolutos, o total passou do equivalente a US$ 3,22 bilhões para US$ 5,51 bilhões.
Em 95, os desembolsos alcançaram o equivamente a US$ 7,68 bilhões, com um aumento de 39,4% na comparação com o ano anterior. De janeiro a julho deste ano o total equivalente a US$ 5,33 bilhões emprestados significa um aumento de 37% sobre o mesmo período de 95.
Para Sérgio Besserman, a continuidade do crescimento é mais importante que uma quebra na expectativa de desembolsos.
Segundo ele, o fraco desempenho da Finame foi compensado por um aumento de 127% nos desembolsos diretos dos bancos, voltados para os projetos de grande porte.
As principais contribuições para o crescimento dos empréstimos diretos foram dos setores de infra-estrutura e de serviços, além do programa de empréstimos aos Estados a título de antecipação de receita da venda de patrimônio.
A faixa do setor de serviços que pode receber empréstimos do BNDES foi ampliada este ano, passando a englobar, por exemplo, shopping centers.
Com isso, as liberações no primeiro semestre alcançaram o equivalente a US$ 810 milhões, contra US$ 190 milhões do mesmo período do ano passado.
Na área de infra-estrutura, as liberações nos sete primeiros meses deste ano alcançaram o equivalente a US$ 1,2 bilhão, 53% maiores que as do mesmo período de 95.
As antecipações de receita aos Estados alcançaram, de dezembro de 95 (início do programa) até maio, cerca de R$ 900 milhões.

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