São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bombeiro não quer ser apenas um herói

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A figura idealizada do herói corajoso, que se expõe ao perigo na missão de combater incêndios e resgatar vítimas, já não se encaixa no perfil do bombeiro moderno.
"Herói era o do começo do século, quando não havia técnica. Hoje o bombeiro não quer ser visto como herói, mas como profissional."
A opinião é do tenente Mauro Lopes dos Santos, do setor de comunicação do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo.
Apesar disso, é muito frequente -especialmente entre as crianças pequenas- a associação entre o bombeiro e o herói.
"A criança, quando vê o caminhão dos bombeiros, dá tchau, quer subir, quer ser bombeiro", afirma o capitão Adilson de Toledo Souza, 38, de São Paulo.
Novas funções
Ao mesmo tempo em que evoluem as condições técnicas e os equipamentos de trabalho desses profissionais, mudam os tipos mais frequentes de atendimento.
"O serviço dos bombeiros mudou em função do resgate", diz o capitão. Ele existe desde 90, consolidou-se em 94 e é o alvo do maior número de chamadas ao corpo de bombeiros na cidade de São Paulo.
Hoje todos os profissionais passam por um curso de resgate com duração de 190 horas.
No ano passado, o número de atendimentos a casos de incêndio no Estado de São Paulo foi 27.678. Em contrapartida, as ocorrências de resgate somaram 74.462 casos.
"O trabalho de prevenção diminuiu as ocorrências de incêndio", diz o cabo Ulisses Ozan, 31, que também faz um bico em prevenção de incêndios em uma empresa.
Para ele, o trabalho do bombeiro é bem-visto pela população porque está associado à idéia de ajuda.
"Entramos com tranquilidade na favela porque é para ajudar", diz o soldado César Shibuya, 28, que trabalha em São Paulo.
"É um serviço bonito, que envaidece a gente", afirma Shibuya. "Ajudar o próximo é o que me satisfaz", garante Ozan.
Baixa remuneração
Apesar de se sentirem gratificados com a atividade e serem bem-vistos pela população, os bombeiros enfrentam o problema da baixa remuneração (veja quadro com salários ao lado).
"É um salário muito baixo. Lá dentro a gente não tem muito valor", diz Claudinei Capelossi, 32.
Ele trabalhou no corpo de bombeiros entre 87 e 90. Segundo ele, "99% das baixas na Polícia Militar são por problema de salário".

Texto Anterior: Obesidade é tendência em finanças
Próximo Texto: "O regime militar é sacrificante", diz ex-PM
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.