São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996 |
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Países colecionam disputas
JAIME SPITZCOVSKY
Naquela época, os governos de Washington e Pequim esqueceram as diferenças para enfrentar um inimigo comum, a então poderosa União Soviética. Desaparecido o interesse mútuo, os EUA passaram a se preocupar com o parceiro asiático, país mais populoso do planeta, que acumulava as maiores taxas de crescimento da economia mundial. O sucesso econômico era resultado da alquimia elaborada pelo dirigente chinês Deng Xiaoping, de introduzir capitalismo em terras dominadas pelo Partido Comunista. Os EUA enxergaram a emergência chinesa como maior desafio para a sua hegemonia no mundo pós-Guerra Fria. Mas a ameaça política chegava com a sedutora perspectiva de aproveitar as oportunidades de negócio em uma economia em expansão. Em Washington, formulou-se a teoria de "contenção em política, participação nos negócios". Ou seja, tentar barrar a expansão da China, sem deixar de lucrar com a maior revolução capitalista do fim do século. No plano político, os EUA aumentaram a pressão sobre a China no campo dos direitos humanos, criticando a falta de democracia. Outro ponto de atrito: o governo norte-americano passou a demonstrar mais simpatia por Taiwan, o refúgio dos nacionalistas chineses derrotados pelas tropas de Mao Tse-tung em 1949. A China pressiona pela reunificação com Taiwan e diz que o apoio norte-americano à "ilha rebelde"significa "interferência em assuntos internos chineses". No mundo dos negócios também há disputas, e Pequim e Washington estiveram desde o ano passado duas vezes à beira de uma guerra comercial. Os Estados Unidos ameaçavam impor sanções comerciais caso a China não combatesse em seu mercado interno a fabricação de produtos, como CDs e programas de computadores, copiados de matrizes norte-americanas.(JS) Texto Anterior: TRECHOS Próximo Texto: China reage com nacionalismo Índice |
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