São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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China reage com nacionalismo

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

O governo chinês argumenta que a onda de nacionalismo no país surge como "reação à política externa americana".
Mas o ideário nacionalista aparece como uma tábua de salvação para o Partido Comunista, pois serve para preencher o vácuo ideológico deixado pelo enfraquecimento do marxismo.
A onda de nacionalismo que engole a China corresponde a uma reação natural à pressão dos EUA, empenhados em conter o crescimento chinês, e não reflete uma política antiestrangeiros orquestrada pelo governo, escreveu a revista oficial "Perspectiva".
O sucesso de "A China Pode Dizer Não" serve para Pequim passar uma mensagem aos EUA: uma política norte-americana de contenção da expansão chinesa provoca reações negativas na China, especialmente entre os mais jovens.
Desprezo
"Pesquisas de opinião indicam um crescimento rápido do número de jovens que desprezam os EUA", disse a "Perspectiva".
Pequim quer influenciar os arquitetos de uma estratégia norte-americana de longo prazo.
Busca assustar com a possibilidade de Washington ter de enfrentar um país com uma economia em expansão acelerada e mergulhada num caldo de sentimento anti-Estados Unidos.
Nacionalismo
O nacionalismo funciona como um novo combustível para o Partido Comunista chinês.
As reformas capitalistas, implantadas desde 1978, destruíram os alicerces da pressão marxista feita pelos herdeiros de Mao Tse-tung (1893-1976).
O governo busca usar a carta nacionalista e da "ameaça externa" para conquistar apoio popular e, dessa maneira, afastar o fantasma de uma queda do poder, como ocorreu com partidos comunistas da ex-União Soviética e do Leste Europeu.
(JS)

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