São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Rainha sueca ataca pornografia virtual

Reunião aprova documento contra pedofilia

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A ESTOCOLMO

A pornografia dividiu a Suécia, produziu uma batalha no Parlamento e fez uma rainha fugir à tradição para duelar com políticos.
Ao discursar ontem no encerramento do Congresso Mundial Contra a Exploração Sexual de Crianças, a rainha Sílvia, da Suécia, voltou à ofensiva contra o que considera uma indignidade -revistas, vídeos, livros e páginas na Internet são comercializadas ou divulgadas sem restrição em seu país.
Sem mencionar políticos ou a Suécia, ela atacou a pornografia infantil e propôs uma ofensiva no "ciberespaço" para punir os responsáveis pela pornografia infantil. Dizendo falar na condição de mãe e "cidadã do mundo", usou palavras como "atrocidade" e "terrificantes" ao se referir à relação entre lucro comercial, sexo e infância.
Polêmica
Ela tocou em uma efervescente polêmica no país, onde o Parlamento recentemente impediu que a venda de pornografia fosse proibida, alegando liberdade de expressão.
Fugindo à tradição real, uma rainha sueca duelou com o Parlamento; derrotada, não escondeu desapontamento.
A rainha Sílvia encontrou ontem uma platéia mais sensível a sua pregação. A tese foi encampada pelo documento final do encontro, que reuniu durante cinco dias representantes de 125 países.
É pedida no documento final do congresso punição para quem divulgue material, propondo a punição aos disseminadores da Internet para a pornografia infantil. Segundo os organizadores do encontro, existem possibilidades técnicas de detectar os responsáveis.
O encontro sobre exploração sexual ocorreu devido ao envolvimento direito da rainha, nascida na Alemanha e criada no Brasil -por isso, coube-lhe fazer o encerramento, onde denunciou o que chamou de "a nova forma de escravidão", ao falar do tráfico de meninas e meninos.
Constatações
O documento final do encontro constata o aumento da comercialização sexual de crianças, pede a cooperação entre países e maior empenho para punição de crimes.
A principal ênfase das recomendações é sobre as medidas de prevenção. Os países apoiaram a idéia de que a exploração sexual se combate com educação.
O que significa garantir que a criança permaneça na escola, consiga prosperar e ter emprego, além de um esforço nacional para transmitir educação sexual fora ou dentro de sala de aula.
Os maiores aplausos couberam ao professor Vitit Muntarbhorn, responsável pelo documento final, quando falou que muitos governos alegam falta de recursos para enfrentar os problemas da infância.

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