São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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98 É UM JOGO ABERTO

A pesquisa sobre intenção de voto para a Presidência da República deve ser lida com algumas cautelas.
Primeira delas: limita-se a medir preferências do eleitorado em apenas 12 capitais. Não é, portanto, um retrato acabado de todo o país.
A segunda: a pouco mais de dois anos do pleito, o que se captou foi mais o humor do momento do que reais intenções de voto.
Mesmo assim, chama a atenção, acima de tudo, o bom resultado obtido pelo líder do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, empatado em primeiro lugar com o prefeito paulistano, Paulo Maluf (PPB), ambos com 19%, e com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com 18%.
De todos os nomes incluídos na pesquisa estimulada, Lula é o único que pouco frequenta o noticiário desde a sua fracassada candidatura presidencial de 1994.
Ainda assim, obtém resultados expressivos, de resto distribuídos com certa homogeneidade por todas as capitais pesquisadas.
É um caso oposto ao de Maluf. O prefeito paulistano aparece quase diariamente na TV, em anúncios ligados à disputa municipal, o que certamente contribuiu para os seus 19%. Mas, fora de São Paulo, o desempenho de Maluf é bem mais fraco, a ponto de ter colhido nelas apenas 7 de seus 19 pontos percentuais.
Mais exposto ainda à mídia, por motivos óbvios, ficou o presidente Fernando Henrique Cardoso, que, não obstante, registra números relativamente magros, ainda mais se comparados aos de 1994.
Parece correto ainda somar-se a seus 18% os 5% de Ciro Gomes e os 2% de Tasso Jereissati, membros do mesmo partido do presidente.
Por essa aritmética, FHC seria o primeiro colocado, com 25%, de todo modo um número apenas razoável.
É igualmente razoável, do ponto de vista do presidente, o item da pesquisa referente ao direito de reeleição. Há um empate estatístico entre os que aprovam a hipótese de reeleição (47%) e os que a ela se opõem (46%).
E, entre os que apóiam, quase dois terços são favoráveis a que a mudança na Constituição se faça para dar o direito aos atuais governantes de disputarem um novo mandato em 1998.
É claro que cabe outra leitura: entre os que são contra a reeleição em qualquer circunstância e os que são contra a reeleição dos atuais mandatários, a soma dá 63%. Dois de cada três eleitores, portanto, se opõem a uma emenda que permita a FHC tentar um segundo mandato.
Por fim, vale registrar o desempenho do senador José Sarney (PMDB). Menos exposto à mídia, no momento, do que FHC e Maluf e tendo deixado a Presidência com forte rejeição, os 10% que Sarney colheu não deixam de ser expressivos.
Bem feitas as contas, o que a pesquisa deixa claro, registre-se, é que reeleição não significa prorrogação do mandato para FHC. O jogo eleitoral de 98 está, por enquanto, aberto a todas as possibilidades.

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