São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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O MOMENTO DE REFORMAR

Em meio à preocupante previsão de que o desemprego ainda poderá aumentar no Brasil, o professor e consultor Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real, apontou uma maneira de minimizá-lo. O economista relacionou a possibilidade de o país crescer mais rapidamente à contenção do déficit público. Foi mais um alerta para a importância de conferir maior agilidade às reformas e às privatizações.
Em palestra proferida quinta-feira no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças, Bacha avaliou que o período de crescimento econômico é o melhor momento para realizar a reestruturação do Estado. É quando os investimentos privados podem compensar, ao menos em parte, as demissões resultantes do encolhimento do setor público.
Em sua exposição, previu a eliminação de cerca de 1 milhão de vagas estatais no próximo ano e de mais 1 milhão em 1998. Segundo ele, a economia brasileira está crescendo e, por isso, há maiores chances de que parte do pessoal dispensado da esfera pública encontre uma nova colocação em atividades privadas.
Por mais que esses números possam ser discutíveis, e que tanto o crescimento econômico como os cortes venham a ser menores, o raciocínio parece impecável. É preciso reformar o Estado e ajustar as contas públicas. Ao mesmo tempo, é desejável reduzir ao máximo o impacto desse ajuste sobre o desemprego. Conter o déficit simultaneamente a um aumento do nível de atividade seria portanto o cenário ideal.
No mundo real, porém, conhecidas dificuldades demandarão esforços redobrados do governo e poderão colocar à sociedade novos desafios. De um lado, o corte de gastos enfrenta resistências que poderão conter o ritmo das reformas. De outro, pode-se pôr em dúvida se, mesmo com razoável crescimento, a economia será capaz de absorver os grandes contingentes de desempregados.

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