São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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Eliana Fonseca ataca de Doris Day

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Só um texto que tratasse de muito cinema para trazer de volta ao palco a cineasta Eliana Fonseca, 35. "Complexo de Doris Day", que entra em cartaz em dias alternativos -de segunda a quarta, às 21h-, estréia hoje no teatro Faap, com Eliana no papel central.
O texto, de Luis Carlos Rossi, não foi escrito inicialmente para ela. "Mas o Rossi me enviou, li em um dia e achei que era a minha cara. Eu fiquei apaixonada", diz Eliana.
Em "Complexo de Doris Day", Rossi aborda de que forma um mito que aparece na tela de um cinema acaba entrando na vida das pessoas.
Doris Martini da Silva é a personagem central, que, apesar do nome, não imita a Doris Day. "Não tenho físico nem nada parecido com a Doris Day para imitá-la", disse.
Mas a Doris da peça tem uma relação com o boneco Hudson (correspondente ao Rock Hudson do cinema e interpretado na peça por Juarez Malavazzi). "Ele só fala 'I love you', mas ela está tão na viagem dela que nem escuta o que ele diz."
Segundo Eliana, "Complexo de Doris Day" é uma comédia trágica. Rossi mostra como a fábrica de sonhos funciona de verdade. "Já foi dito sobre o cinema que nunca ninguém enganou tantos por tanto tempo", diz ela. Assim, a peça aborda o sonho, mas também a solidão e as decepções.
"A Doris Day do cinema funciona como a moça certinha, que vive em um mundo cor-de-rosa, tem um maridinho na sala e tupperware na geladeira. Ela era virgem até o casamento. Já a Doris Martini era sonhadora, mas era uma tarada safada, que dava para todo mundo", descreve ela.
Apesar das diferenças, realidade e fantasia se confundem. "Hoje existe a 'self-made-woman', mulher independente que acaba pensando mais na carreira, mas que no fundo também quer ter alguém para ela", diz Fonseca.
Durante uma hora e quinze, Eliana é o centro de uma brincadeira que une teatro e cinema e o cotidiano de uma mulher.
O cenário, assinado por Carlos Moreno, é um imenso set de filmagem de pelúcia cor-de-rosa, que tem até uma gigantesca câmera de 35 milímetros, spots, caixa de equipamento e claquete. "Parece uma casa da Barbie, um sonho de moça."
A direção é de Elias Andreato, que dá à peça, segundo Eliana, o caráter de ser um espetáculo de ator. "O espetáculo tem humor, mas não é engraçadinho. É uma história chocante", diz ela.

Peça: Complexo de Doris Day
Texto: Luis Carlos Rossi
Direção: Elias Andreato
Elenco: Eliana Fonseca e Juarez Malavazzi
Quando:estréia hoje, às 21h; de segunda a quarta, às 21h
Onde: teatro Faap (r. Alagoas, 903, tel. 824-0104)
Ingressos: R$ 15 (estacionamento gratuito)

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