São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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Nacionalidade dita o preço dos suvenires

MARISTELA DO VALLE; LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

e free-lance para a Folha
A reportagem de Turismo colocou camisa florida, óculos escuros e, disfarçada de turista norte-americano, foi à praça da República saber como os estrangeiros são tratados pelos camelôs.
Os golpes não são poucos. Suvenires de plástico, que custariam R$ 5 para um paulistano, chegam a custar R$ 20 para os visitantes estrangeiros.
Eles são considerados presas fáceis pela maioria dos vendedores. Os que não falam português são as maiores vítimas. Sem entender a conversa, eles são enganados.
E, mesmo quando o vendedor conhece algumas expressões em inglês e a comunicação não é tão difícil, o turista pode se dar mal.
Em uma mesma conversa, o preço do suvenir pode mudar inúmeras vezes. Quanto mais confuso estiver o turista, mais caro o produto vai ficando.
Borboleta azul
Uma das barracas da praça, que vende potes de plástico decorados com borboletas e a palavra Brasil, aumenta seus preços num golpe de mágica. "Quanto custa?", perguntou a "repórter-turista", com forte sotaque. Depois de se irritar por não saber inglês, a vendedora disse que o pote custava R$ 5.
Percebendo que a freguesa estava confusa e não sabia se havia diferença de preço entre o pote de borboleta azul e o de borboleta vermelha, a comerciante subiu o preço do suvenir para R$ 20.
Pechincha
A famosa pechincha é a regra número um para comerciar com camelôs. Mas o turista sempre acaba perdendo nesse jogo.
Uma rede de dormir começou a ser oferecida a um comprador paulistano por R$ 35 e, no final da negociação, pôde ser comprada por R$ 15.
A "repórter-turista" de Turismo tentou fazer o mesmo negócio. O vendedor ofereceu a rede por R$ 45 e, quando ia abaixar o preço, um amigo deu a dica: "Não precisa abaixar. Já tá vendido por R$ 45 mesmo, cara".
(MARISTELA DO VALLE e LAURA MATTOS)

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