São Paulo, terça-feira, 3 de setembro de 1996
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L'Orchestre de Contrebasses traz humor aos clássicos

CD do sexteto francês é lançado no Brasil

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma crença muito tola associa música clássica à imagem de seriedade. Nunca foi e continua não sendo verdade. O sexteto francês L'Orchestre de Contrebasses (A Orquestra de Contrabaixos), com sua bizarra monoinstrumentação, limita-se a prolongar uma tradição bastante sólida já no século 17.
Foi quando Henry Purcell (1659-1695), em "A Rainha das Fadas", fez um mancebo se apaixonar por um transformista, ou então, em suas "Canções de Taverna", descreveu musicalmente, e de forma quase explícita, a relação entre uma donzela e um libertino chamado Sir Walter.
O humor como subversão da própria forma musical viria mais tarde, e um dos exemplos mais curiosos foi quando Gioacchino Rossini (1792-1868) compôs uma peça vocal em que as partes, em lugar de poema, traziam miados de gatos.
O modernismo gostou da idéia. Eric Satie (1866-1925) se tornou um apóstolo da irreverência.
Em 1981, o contrabaixista francês Christian Gentet teve a idéia de formar um conjunto com músicos do mesmo instrumento. É um grupo essencialmente performático e cujo humor está ligado ao absurdo das transcrições.
"Bass, Bass, Bass, Bass, Bass, Bass, Bass", o CD do grupo agora lançado no Brasil, é até que bem comportado. Traz apenas composições próprias, que têm uma criativa heterodoxia no trato do instrumento.
Ele pode muito bem se tornar um meio de percussão (basta batucar na madeira da caixa de ressonância), ou então, como em "Tango", imitar o bandoneon argentino. É espirituoso, é inteligente.

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