São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Pescador diz que quer ficar com garoto

MÔNICA SANTANNA

MÔNICA SANTANNA; ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Pai de Leandro alega que menino vindo de Manaus tem mais vínculos com ele que com suposta mãe

ANDRÉ MUGGIATI
O pescador João Bossi disse ontem em Curitiba (PR) que vai pedir a Ângela Regina Moreira, que seria mãe do garoto levado ao Paraná como Leandro, para ficar com a guarda definitiva do menino.
O resultado do exame do DNA comprovou que o menino -registrado como Diogo Moreira- não é Leandro Bossi, filho de João e Paulina Bossi, que desapareceu de Guaratuba (PR) em 92.
"Estou disposto a ficar com o menino. Vou ficar com ele e aguardar ansiosamente a chegada do Leandro", afirmou Bossi.
Ele disse que ficou surpreso, chocado e muito triste com o resultado do exame de DNA.
Bossi voltou a insistir que o garoto tem muitas semelhanças com Leandro. "Ele tem os mesmos traços e se emocionou ao me reconhecer em Manaus", disse o pescador. Segundo Bossi, o menino ficou sabendo do resultado do exame pela televisão.
"Desde que soube ele se trancou no quarto, ficou chorando e me pediu para não deixar que o levem de volta. Ele quer ficar comigo. Meu coração está aberto para as duas crianças", afirmou Bossi.
A advogada Kátia Leite, que defende Bossi, disse que não pretende "brigar por brigar" na Justiça.
"Queremos que prevaleça o bom senso e o bem-estar da criança. Temos que reconhecer que hoje o garoto tem mais vínculo com João Bossi do que com a suposta mãe biológica."
Ângela Moreira e sua filha Letícia, 5, fizeram exame de sangue ontem no IML para a realização do teste de DNA. O resultado deve sair dentro de 20 dias.
O detetive Walmir Battú, presidente do Interbureau (Bureau Internacional de Buscas a Crianças Desaparecidas), disse ontem que o advogado Gabriel Faraht deu entrada no pedido de revogação da guarda temporária do menino Diogo Moreira para João Bossi.
Segundo Battú, o Interbureau é um fundação que mantém um programa para investigar crianças desaparecidas no Brasil e exterior.
Ele afirmou que o pedido foi encaminhado para a Defensoria Pública de Manaus.
O juiz da Vara da Infância e Juventude de Manaus, Antônio Celso Gióia, que autorizou a ida do menino para Guaratuba, disse ontem que não cometeu um engano.
"Eu nunca pensei que esse menino fosse o Leandro", afirmou.
"Não houve precipitação de nossa parte, pois estávamos preocupados com o estado de abandono do garoto", disse Gióia.
Segundo Gióia, Auxiliadora Araújo, que detinha a guarda da criança, havia desistido de ficar com o menino. Auxiliadora afirma que só desistiu de ficar com ele após a ida de João Bossi a Manaus.
Ela disse também que pretendia ficar com o garoto, caso os exames de DNA não comprovassem a paternidade de Bossi.

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