São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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BB e Tesouro emperram crédito rural

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um impasse entre o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional está prejudicando a liberação do crédito rural.
O Tesouro Nacional não aceita pagar a taxa administrativa cobrada pelo BB para liberar o financiamento agrícola.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Guilherme Dias, disse que o Tesouro considera as taxas do BB muito altas e tenta negociar uma redução desse custo financeiro.
O BB cobra, por exemplo, R$ 65 por mês para a manutenção de um contrato rural.
A partir da recomendação do presidente do banco, Paulo César Ximenes, o BB está sendo seletivo na concessão dos financiamentos até que se defina o valor do custo financeiro de cada contrato.
Para a safra 96/97, o governo fixou em 12% a taxa de juros que os produtores rurais terão que pagar pelos financiamentos.
Só que os financiadores pagam acima dessa taxa para captar os recursos do crédito rural. O dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), por exemplo, é corrigido pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) mais correção monetária -que pode ultrapassar 20% ao ano.
Governo banca
Essa diferença, acrescida dos custos administrativos, será bancada pelo governo.
Em junho, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou os recursos para o crédito, ele reforçou que uma das novidades era a liberação do financiamento na época certa, para favorecer os agricultores.
No entanto, somente em agosto o ministro da Fazenda, Pedro Malan, assinou uma portaria definindo o volume de recursos que poderia ser emprestado aos produtores e que teria a diferença de taxas cobertura pelo Tesouro.
Conta alta
Só que a portaria estabeleceu um prazo de 30 dias para o Tesouro e o BB definirem uma metodologia para o cálculo do subsídio.
O prazo vence nesta semana e ainda não há acordo. "O banco está liberando os recursos, mas precariamente", disse Dias.
Na última reunião entre as duas partes, o BB apresentou uma conta considerada muito alta e rejeitada pelos técnicos do Tesouro.
Com isso, o banco ameaçou suspender os empréstimos até que o custo administrativo fosse definido.
Ontem, o Ministério da Fazenda decidiu prorrogar o prazo da portaria por mais 15 dias para dar tempo ao acordo entre Tesouro e Banco do Brasil.
Essa portaria deveria ter sido publicada no início de julho, logo depois de ser anunciado o volume de R$ 5,2 bilhões para o custeio da safra 96/97.
Segundo informações da Diretoria de Crédito Rural, o banco emprestou R$ 300 milhões para os produtores até a semana passada.

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