São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Petroleiros querem outras categorias na campanha

DA SUCURSAL DO RIO

O secretário-geral do Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro), Mozart Queiróz, disse ontem à Folha que "os petroleiros não estão dispostos a ir à greve sozinhos".
Ontem, a Petrobrás fez uma oferta de reajuste de 8,8%, considerada pequena pelo sindicalista. Os petroleiros estão pedindo um reajuste total de 46,64%.
Independentemente da posição que venha a ser tomada sobre a proposta da estatal, Queiróz avalia que a posição correta é uma articulação com outras categorias que tenham data-base neste mês, como bancários e químicos.
Na próxima sexta-feira a direção nacional da CUT fará uma reunião para tratar da campanha conjunta.
"Calaboca"
O coordenador de Imprensa e Divulgação do Sindipetro-RJ, Alexandre Siqueira, disse que o abono de 50% sobre o salário-base, concedido pela Petrobrás aos seus empregados da ativa, foi "um calaboca que aliviou a situação dos mais endividados".
Siqueira disse que o abono foi comunicado pela empresa em reunião realizada no dia 23 de agosto.
O superintendente de Recursos Humanos da Petrobrás, José Lima de Andrade Neto, informou que o custo do abono para a estatal foi de aproximadamente R$ 26 milhões.
Lima afirmou que o reajuste de 8,8% proposto ontem foi baseado "na análise dos custos e da capacidade financeira da empresa".
"Não resolve"
Para Antonio Carlos Spis, coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o abono não desarma a categoria. "Apenas ameniza seus problemas financeiros, sem resolvê-los".
O abono, além de discriminatório -não vale para aposentados-, é um sinal claro de que a Petrobrás tem recursos, afirmou.
"Se ela tem esse dinheiro, por que não concede a reposição das perdas salariais?", questiona Spis.
Ele disse que a FUP irá pleitear a incorporação do abono ao salário.
Spis afirmou também que a empresa, ao conceder, em sua proposta, aumento de 18% no auxílio-almoço -para funcionários que não dispõem de restaurante em seu local de trabalho-, reconhece a inflação passada.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, o governo pretende isolar o movimento dos petroleiros e ganhar votos para seus candidatos.
A opinião é compartilhada pelo diretor do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Francisco Chagas Francelino. "Querem manter os petroleiros calmos", disse.
Para Ricardo Patah, vice-presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, "tudo o que minimizar as perdas dos trabalhadores é positivo, independentemente de conotação política".
No entender de Ricardo Berzoini, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que também estão em dissídio, o abono é uma tentativa de reduzir "a insatisfação salarial" dos petroleiros. Paulo Góis, secretário-geral do Sindicato dos Petroleiros da Baixada Santista, disse que, além da concessão do abono também aos aposentados e das reivindicações econômicas, o sindicato quer a reintegração dos 18 demitidos na greve de 95 em Cubatão e a liberação remunerada do trabalho para todos os dirigentes sindicais.
O diretor do SUP (Sindicato Único dos Petroleiros) da Bahia, Belchior Medeiros, também acha que o abono não vai impedir a mobilização da categoria.

Colaboraram a Reportagem Local e a Agência Folha em Santos e Salvador

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