São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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As raquetes e o IR

THALES DE MENEZES

E agora tem essa do Michael Stich declarar ao Imposto de Renda austríaco que é esquiador. O alemão quis aproveitar uma bizarra lei da Áustria que favorece a turma do esqui e acabou se dando mal.
O episódio é apenas mais uma etapa do eterno combate entre tenistas e o Fisco. Não que o tênis seja o único esporte com milionários sonegadores, mas é, com certeza, aquele em que os atletas mais são flagrados.
O caso de Stich vai mais para o lado engraçado da coisa. Deve receber uma multa pesada e só. Mais dramática é a situação de Peter Graf, pai de Steffi, que pode ficar preso por dez anos.
Foi vergonhoso o resultado de um laudo dos peritos do IR alemão que isentou Steffi Graf no processo contra o pai. Ora, todo o dinheiro que Peter usou em suas negociatas veio das raquetadas da filha.
Todos os especialistas ouvidos pela imprensa alemã foram unânimes: há vários contratos que demonstram a ciência de Steffi a respeito dos negócios do pai, mas a Justiça alemã favoreceu a número 1 do mundo.
Falando em número 1, dois astros suecos que já ocuparam essa posição estão enrolados com o Imposto de Renda de seu país. Bjorn Borg e Mats Wilander respondem a acusações de não declarar prêmios de um jogo-exibição em Estocolmo.
No caso deles, a opinião pública está sendo implacável. Borg e Wilander teriam embolsado metade da arrecadação da partida, que deveria ser passada integralmente a instituições de caridade. Pegou mal.
O francês Yannick Noah, campeão de Roland Garros nos anos 80, teve que pagar quase US$ 4 milhões em impostos atrasados em 1991. O truque do tenista envolvia seus dois passaportes (francês e camaronês).
Ilie Nastase, Roscoe Tanner, Billie Jean King, Mary Pierce. A lista dos tenistas encrencados com o IR é bem grandinha.
Assim não há "Decreto do Esquiador" que dê jeito.

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