São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996 |
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Cinema mexicano surpreende com 'Beco'
MARILENE FELINTO
Em Callejon de Los Milagres, no centro histórico da cidade do México, vivem os três personagens das histórias apresentadas simultaneamente no filme -adaptadas do romance homônimo do escritor egípcio Nagib Mahfuz, Prêmio Nobel de literatura em 1989, ambientado no Cairo. Na primeira, Rutilio (Ernesto Gomes Cruz), machista mexicano típico, de meia-idade, casado e pai de filhos, dono de um bar onde se reúnem os homens do bairro, descobre e põe em prática sua homossexualidade tardia, para escândalo e tragicomédia em família. Na segunda história, a jovem e ambiciosa Alma (Salma Hayek, revelação do cinema latino-americano em Hollywood com o filme "Desperado") vê rápida e radicalmente modificado seu destino quando o jovem que lhe prometia casamento, o barbeiro Abel, resolve atravessar clandestinamente a fronteira para os Estados Unidos, em busca de meios para juntar dinheiro e voltar para o casamento. Na terceira história, Susanita (Margarita Sanz) é a solteirona do bairro. Financeiramente estável mas infeliz, só pensa em se casar e apela para todo tipo de talismã. É a representante do irracionalismo da miséria, do sincretismo religioso que mistura o catolicismo latino-americano com simpatias adivinhatórias e tarôs de cartomantes. Dois anos depois, quando Abel retorna dos EUA, reencontram-se os três personagens cujo destino é marcado pelos sonhos destruídos, pela frustração e pela falta de perspectivas. O centro do questionamento de todos eles é apenas um: se, na miséria econômica da América Latina, felicidade e realização pessoal estão diretamente atreladas a ter ou não ter dinheiro. Jorge Fons, 62, é um dos mais consagrados diretores do cinema mexicano. Ganhou o Urso de Prata do festival de Berlim em 1977, com o filme "Los Albaniles". Dirigiu, entre outros, "Rojo Amanecer" (1989). "Beco" venceu o Festival de Gramado de 1995. Vídeo: O Beco dos Milagres Produção: México, 1994, 144 min. Direção: Jorge Fons Lançamento: HVC filmes (tel. 011/289-3825) Texto Anterior: Artaud é atemporal em sua crueldade Próximo Texto: Filme mostra 'hackers' como heróis em luta do Bem contra o Mal na Internet Índice |
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