São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Apoio à ação se resume a 5 aliados Clinton acha repercussão boa CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Apenas os quatro aliados tradicionais dos EUA e o Kuait apoiaram o ataque de ontem: Reino Unido, Alemanha, Japão e Canadá. Só o Reino Unido deu sustentação logística para a operação. O presidente Bill Clinton demonstrou claro desconforto quando perguntado por um repórter sobre a falta de apoio dos aliados. "Nós temos historicamente tomado a iniciativa nesse tipo de assunto e era a nossa responsabilidade agir assim de novo. Eu falei com um grande número de aliados e estou satisfeito com a resposta. Alguns acham que neste momento, devido a seus objetivos domésticos, há limites no que eles podem fazer, mas eu achei importante ir adiante assim mesmo", disse. A França, que contribuiu com 14 navios e 38 aviões na guerra e é responsável com os EUA e o Reino Unido pelo controle das zonas de exclusão aérea sobre o Iraque, disse estar "preocupada" com a situação, mas vai continuar a fiscalizar o espaço aéreo iraquiano. A Itália (10 navios e 8 aviões na guerra) e Espanha (4 navios) resolveram adiar sua manifestação sobre o ataque de ontem. China e Rússia, que se abstiveram de votar a resolução da ONU número 688, que foi interpretada por EUA, Reino Unido e França como um aval para a criação das zonas de exclusão aérea, condenaram a operação de ontem. Países árabes que há cinco anos ajudaram a dar inédita legitimidade à ação militar contra o Iraque ontem condenaram a investida norte-americana. A Síria, que mandou 20 mil soldados e 270 tanques para a Tempestade no Deserto, classificou o ataque dos EUA contra o Iraque de "uma ação que viola a carta da ONU e as leis internacionais". O Egito, que enviou 35 mil soldados e 480 tanques para a Guerra do Golfo, disse que "esses desenvolvimentos não ajudam o povo do Iraque nem a estabilidade na região" e que seu governo está "realmente preocupado". Entre as nações árabes, só o Kuait, o principal beneficiário da intervenção militar de cinco anos atrás, endossou de maneira explícita o ataque de ontem. A Arábia Saudita, principal aliado dos EUA na região, não condenou a missão. Mas, significativamente, nenhum avião americano estacionado naquele país participou dela. O Irã, inimigo tanto dos EUA quanto do Iraque, chamou o ataque de jogada eleitoral do presidente Clinton, mas disse que Saddam deu mais uma vez a justificativa para ser o alvo dos mísseis norte-americanos. A Turquia, onde ficam estacionados os aviões encarregados de fiscalizar as zonas de exclusão aérea no Iraque, tem demonstrado há meses sua crescente insatisfação com a continuidade das sanções econômicas contra o Iraque, que têm afetado a sua economia. Texto Anterior: País quer novo acordo de petróleo Próximo Texto: A ação americana no Iraque Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |