São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Apoio à ação se resume a 5 aliados

Clinton acha repercussão boa

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A coalizão de 30 países liderada pelos EUA contra o Iraque na Guerra do Golfo em 1991 ontem estava reduzida a 5.
Apenas os quatro aliados tradicionais dos EUA e o Kuait apoiaram o ataque de ontem: Reino Unido, Alemanha, Japão e Canadá. Só o Reino Unido deu sustentação logística para a operação.
O presidente Bill Clinton demonstrou claro desconforto quando perguntado por um repórter sobre a falta de apoio dos aliados.
"Nós temos historicamente tomado a iniciativa nesse tipo de assunto e era a nossa responsabilidade agir assim de novo. Eu falei com um grande número de aliados e estou satisfeito com a resposta. Alguns acham que neste momento, devido a seus objetivos domésticos, há limites no que eles podem fazer, mas eu achei importante ir adiante assim mesmo", disse.
A França, que contribuiu com 14 navios e 38 aviões na guerra e é responsável com os EUA e o Reino Unido pelo controle das zonas de exclusão aérea sobre o Iraque, disse estar "preocupada" com a situação, mas vai continuar a fiscalizar o espaço aéreo iraquiano.
A Itália (10 navios e 8 aviões na guerra) e Espanha (4 navios) resolveram adiar sua manifestação sobre o ataque de ontem.
China e Rússia, que se abstiveram de votar a resolução da ONU número 688, que foi interpretada por EUA, Reino Unido e França como um aval para a criação das zonas de exclusão aérea, condenaram a operação de ontem.
Países árabes que há cinco anos ajudaram a dar inédita legitimidade à ação militar contra o Iraque ontem condenaram a investida norte-americana.
A Síria, que mandou 20 mil soldados e 270 tanques para a Tempestade no Deserto, classificou o ataque dos EUA contra o Iraque de "uma ação que viola a carta da ONU e as leis internacionais".
O Egito, que enviou 35 mil soldados e 480 tanques para a Guerra do Golfo, disse que "esses desenvolvimentos não ajudam o povo do Iraque nem a estabilidade na região" e que seu governo está "realmente preocupado".
Entre as nações árabes, só o Kuait, o principal beneficiário da intervenção militar de cinco anos atrás, endossou de maneira explícita o ataque de ontem. A Arábia Saudita, principal aliado dos EUA na região, não condenou a missão.
Mas, significativamente, nenhum avião americano estacionado naquele país participou dela.
O Irã, inimigo tanto dos EUA quanto do Iraque, chamou o ataque de jogada eleitoral do presidente Clinton, mas disse que Saddam deu mais uma vez a justificativa para ser o alvo dos mísseis norte-americanos.
A Turquia, onde ficam estacionados os aviões encarregados de fiscalizar as zonas de exclusão aérea no Iraque, tem demonstrado há meses sua crescente insatisfação com a continuidade das sanções econômicas contra o Iraque, que têm afetado a sua economia.

Texto Anterior: País quer novo acordo de petróleo
Próximo Texto: A ação americana no Iraque
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.