São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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"Zona de exclusão" não existe

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os Estados Unidos justificaram o bombardeio do Iraque com base na Resolução 688 do Conselho de Segurança da ONU, mas não é certo que esse documento sustente o ataque norte-americano.
O governo dos EUA já havia invocado a Resolução 688, adotada a 5 de abril de 1991, para condenar a repressão iraquiana a minorias (curdos e muçulmanos xiitas), para sustentar suas ações militares e para proibir a presença dos aviões de Saddam Hussein acima do paralelo 36°, ao norte do país, e abaixo do 32°, ao sul.
No sábado, o Iraque atacou as cidades curdas de Arbil e Salahuddin, que ficam no território da hipotética "zona de exclusão".
A resolução 688 foi adotada quando as minorias curdas (ao norte) e xiita (ao sul) se rebelaram contra o governo de Saddam Hussein depois do final da Guerra do Golfo em 1991 e foram reprimidos pelo governo.
O documento tinha o objetivo de dar apoio à ação dos organismos de ajuda humanitária na região.
Mas ele não especificava o estabelecimento de uma "zona de exclusão" para as tropas iraquianas. Além do mais, a resolução explicitamente exclui o uso da força militar nessas regiões.
Em 1991, quando se discutia a 688, a China, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (os demais são Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), ameaçou vetar as propostas que pudessem justificar intervenção militar no Iraque.

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