São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996 |
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EUA fazem dois ataques com mísseis contra Iraque
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Segundo porta-vozes militares do Iraque e dos EUA, cinco pessoas morreram e 19 ficaram feridas no primeiro ataque. O presidente do Iraque, Saddam Hussein, afirmou que "boa parte" dos mísseis foram derrubados. O segundo ataque ocorreu à noite (hora do Brasil) e teve como objetivo destruir alvos que haviam permanecido imunes na investida inicial, entre eles radares, centros de comunicação e bases de mísseis. O objetivo militar da missão foi neutralizar a defesa área iraquiana. A emissora estatal de TV do Iraque mostrou imagens de uma casa civil, segundo ela destruída por um dos mísseis norte-americanos. Apenas quatro aliados dos EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e Canadá, aplaudiram a missão. China e Rússia fizeram críticas. Clinton determinou também a ampliação da zona de exclusão aérea (onde aviões iraquianos não podem voar) no sul do Iraque. Ela se estende a partir de hoje da fronteira com o Kuait aos subúrbios de Bagdá, capital do país. Saddam afirmou no discurso em que comunicou o primeiro ataque aos iraquianos que seus militares não devem mais obedecer às zonas de exclusão aérea no sul e no norte do país, estabelecidas por EUA, Reino Unido e França em 1992. O secretário da Defesa dos EUA, William Perry, ameaçou o Iraque com novos ataques se não houver evidências de que suas tropas deixaram a cidade de Irbil ou se novas "provocações" ocorrerem. O candidato da oposição à Presidência dos EUA, Bob Dole, evitou criticar o governo ontem. Mas diversos de seus aliados no Congresso responsabilizaram Clinton por não ter percebido em tempo o agravamento da crise curda no Iraque e não a ter evitado. Os curdos são uma minoria étnica no Iraque (15% da população de cerca de 20 milhões de pessoas). Em março de 1991, logo após a Guerra do Golfo, guerrilheiros curdos tomaram várias cidades no norte em revolta contra Saddam. A rebelião foi esmagada pelo governo iraquiano. A ONU manifestou preocupação quanto ao futuro dos curdos e EUA, Reino Unido e França estabeleceram uma zona de segurança para a minoria. Um dos dois principais partidos políticos curdos, o Democrata, se aliou a Saddam, que mandou na semana passada tropas para ajudá-lo a controlar a cidade de Irbil. Clinton também anunciou que vai suspender a operação humanitária "petróleo por comida" com que a ONU pretendia aliviar as dificuldades enfrentadas pela população iraquiana, inclusive os curdos. O Conselho de Segurança da ONU se reuniu ontem à noite para discutir a crise iraquiana. Texto Anterior: País quer novo acordo de petróleo Próximo Texto: País quer novo acordo de petróleo Índice |
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