São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Um pequeno recorde

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Joseph Couri, presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria), comemorava ontem pela manhã o fato de o novo esquema de legalização de pequenas empresas ter conseguido pela primeira vez registrar uma companhia no prazo recorde de 90 minutos.
Como se sabe, o Simpi reuniu, no seu endereço da avenida Brasil esquina com Rebouças, todos os setores que cuidam da legalização de empresas, da Receita Federal à Junta Comercial.
O cidadão leva os documentos necessários e sai de lá dono de uma pequena empresa perfeitamente regularizada.
É um grande passo, no sentido de vencer a burocracia. Mas o próprio Couri admite que é pouco para enfrentar as dificuldades do pequeno empresário. Não são poucos, aliás. Cada dia, nascem no Estado de São Paulo 250 empresas do gênero.
A grande maioria (mais de 80%) é vítima de mortalidade infantil. Morre antes de completar seis meses.
As causas são muitas e variam conforme a conjuntura. Mas uma delas chega a ser aberrante: a virtual inexistência de crédito. Compara Couri: se o cidadão, pessoa física, quiser comprar um Mercedes-Benz ou um iate, basta dar o próprio bem como garantia, mais uma ou outra exigência também fácil de atender, e pronto, está preparado para ser ainda mais burguês na vida.
Já se o cidadão está interessado em criar uma empresa e, por extensão, dar emprego (ainda que seja só para ele próprio e um ou outro auxiliar), aí dança. As exigências são tamanhas que, na prática, inviabilizam o empréstimo, sem falar nos juros.
"Para poder pagar os juros que se praticam hoje, só vendendo cocaína", brinca Couri.
A distorção fica ainda mais lamentável quando se sabe que as micros e pequenas empresas do Estado geraram um saldo positivo de cerca de 50 mil empregos, desde o lançamento do Plano Real, faz dois anos.

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