São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Riquezas demais

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - A estúpida agressão de Sérgio Motta a Itamar Franco faz parte da maneira inteligente que FHC escolheu para governar. Ele prefere atuar no território "light", ri muito, ri até demais, diz as obviedades, excelente acaciano que é, e vai levando na base de que a boa política é a de quem leva.
O máximo que ele conseguiu em matéria de agressão foi chamar Sarney e Itamar de "pobres de espírito", ignorando -como sempre- o significado da expressão evangélica. A sentença mais popular do sermão da montanha enaltece o desprendimento, a falta de ambição, a modéstia, a dignidade de quem não se corrompe pelo reino da Terra.
Apesar de errada na intenção e na forma, foi uma crítica suportável. A baixaria ficou para seu amigo número um, que tem a acompanhá-lo alguns jornalistas preocupados em agradar ao poder que pode, o que está por cima.
Nem adianta decompor a agressão de Sérgio Motta. Itamar gosta do emprego e Motta gosta muitíssimo. Mas quem gosta mais de emprego é mesmo o chefe de Motta, que se esbofou para ser ministro de Tancredo, Sarney e Collor. Só emplacou a ambição com Itamar -que apesar da opinião em contrário de Sérgio Motta, era mesmo presidente da República. Trazendo FHC para o ministério, Itamar tirou do gordo anonimato a gorda figura de Sérgio Motta. Além de gordo -como PC Farias, que também foi tesoureiro de complicada campanha eleitoral-, Motta cultiva uma baixaria perto da qual o finado PC seria um monsieur Beaucaire.
Mudando de assunto: os cronistas sociais não se entendem. Segundo o Zózimo, o filme "Tieta", do bom Cacá Diegues, foi visto no primeiro final de semana por 120 mil pessoas. Segundo Danuza, por 620. A média deve ter ficado com um colunista de segundo time que cravou 460 mil espectadores. Torço pelo sucesso do filme. Jorge Amado e Cacá merecem.

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