São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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Surfe espetáculo

CARLOS SARLI

Os campeonatos de surfe, ao menos os mais importantes, já foram chamados de festivais. As atrações estavam mais na areia que na água. Colar de osso de tubarão, biquini Saint-Tropez, bandas e rivalidade entre paulistas e cariocas tornavam Saquarema e Ubatuba pólos.
Com o tempo, isso virou rotina e ficou pequeno. Para piorar, os poucos que se interessavam pelo que rolava na água não sabiam quem estava ganhando ou perdendo a bateria.
A subjetividade nos critérios de julgamento e a demora na divulgação desestimulavam.
Atualmente, o julgamento está mais padronizado. Mas o que mudou substancialmente o envolvimento do público nos campeonatos foi a introdução do sistema da Beach & Byte, dos brasileiros Mano Ziul e Celso Alves, no Circuito Mundial.
Em 89, ainda sob suspeita da maioria dos competidores e organizadores, o sistema entrou em teste no Tour. Com um terminal para cada juiz, os resultados eram transmitidos para o computador a cada onda.
Enquanto o competidor voltava para o fundo, ouvia nota e posição na bateria serem anunciadas. Com ele, o público também se interava. Um avanço, que continua vigorando, mas pouco para transformar a competição em grande espetáculo.
Os esforços continuam, e neste fim-de-semana tivemos alguns dignos de nota.
O Ruffles Big Wave, programado para acontecer quando o mar subisse além de 2,5 metros, acabou acontecendo com ondas médias. Durante os 17 dias de espera programada, o mar não foi além de 1,5 metro. Uma pena. Onda grande é fascinante.
Outro com formato diferenciado rolou em Maresias. Restrito aos frequentadores da área, o campeonato, que termina na próxima semana, foi disputado por duplas, sorteadas na praia. Entre favoritos e prejudicados, o saldo foi uma comunhão entre alguns pregos e outros bons surfistas.

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