São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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"Bibi" e Arafat reiniciam processo de paz

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um aperto de mãos frio e rápido marcou o início do primeiro encontro entre o premiê de Israel, Binyamin "Bibi" Netanyahu, e o líder palestino, Iasser Arafat.
O final da reunião de uma hora trouxe poucos resultados práticos. Os dois líderes não discutiram a saída israelense de Hebron -a última das cidades incluídas nos acordos de paz ainda sob poder israelense.
A reunião foi importante apenas porque marcou o reconhecimento, por parte de Netanyahu, de Arafat como seu negociador no processo de paz. Desde que tomou posse, em junho, o direitista "Bibi" Netanyahu vinha evitando encontrar-se com Arafat, a quem atacou durante a campanha e costumava chamar de "terrorista".
O encontro contrastou com as reuniões de cúpula que Arafat mantinha com os primeiros-ministros trabalhistas -Shimon Peres e, antes, Yitzhak Rabin.
Arafat trocou com Rabin o primeiro aperto de mão histórico entre palestinos e israelenses, há quase três anos, em Washington.
Desta vez, o cumprimento inicial foi oferecido por Netanyahu. Foi tão rápido que os fotógrafos tiveram de pedir uma repetição.
A saudação durou apenas quatro segundos. Ao final do encontro, Arafat e Netanyahu não voltaram a apertar as mãos.
Gafe
O momento mais descontraído foi uma gafe de Arafat. Ele se referiu ao primeiro-ministro israelense como "sr. Bibi", seu apelido.
Depois, se corrigiu e substituiu o tratamento pelo formal "sua excelência".
O encontro marcou o reinício do processo de paz. Netanyahu disse que, a partir de hoje, delegações das duas partes começariam a discutir a saída israelense de Hebron.
Além deste ponto, que vem sendo adiado desde o governo Shimon Peres, os palestinos ainda querem levar adiante a discussão sobre o status final dos palestinos (que, para a Autoridade Nacional Palestina, devem ganhar independência) e de Jerusalém (a parte leste da cidade é reivindicada como capital dos palestinos).
O encontro aconteceu em uma sala de conferências em Erez, na fronteira entre Israel e a faixa de Gaza (um dos territórios autônomos palestinos). Havia forte esquema de segurança.
Antes da entrevista coletiva, assessores do palestino reclamaram que a tribuna da qual falaria Arafat era mais baixa que a de Netanyahu e não era à prova de bala. Os israelenses acabaram trocando a tribuna do líder palestino.
Arafat parecia cansado. As negociações sobre como e quando aconteceria o encontro duraram quase uma semana. O anúncio oficial acabou saindo menos de três horas antes de ele começar.
Em entrevista a jornalistas israelenses, o premiê israelense disse que "se criou uma nova base para as negociações de paz", mas afirmou que elas serão difíceis, "cheias de altos e baixos".

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