São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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PROCURANDO UM MODELO

A estabilidade de preços é uma condição necessária, mas não suficiente para gerar processos virtuosos de crescimento econômico. Assim talvez se pudesse resumir o estado das artes, hoje, no campo da teoria do desenvolvimento. Uma constatação, aliás, inspirada pela prática de pelo menos dez anos de planos de estabilização na América Latina.
Cunhou-se a expressão "Consenso de Washington" para dar conta do conjunto de reformas estruturais que se acreditava necessário para viabilizar a superação do velho modelo, conhecido como "substituição de importações". Era um modelo que privilegiava o protecionismo, a intervenção estatal e, de modo geral, a industrialização voltada para o próprio mercado interno.
Nos últimos anos, em especial a partir da formulação por John Williamson, do Institute of International Economics de Washington, de princípios voltados à abertura da economia e à redução do intervencionismo estatal, foi-se abandonando o velho modelo em todos os países da América Latina.
Mas o trabalho de "desmonte", hoje, mostra-se insuficiente. E o mesmo Williamson, em entrevista que a Folha publica hoje, além de negar que suas propostas sejam neoliberais, ressalta a emergência de uma nova percepção, mais positiva.
As chaves do novo modelo, sem negar a orientação anterior de inserção na economia global, são o resgate da dívida social, a importância do investimento nos sistemas educacionais e da criação de instituições confiáveis.
Trata-se, sem dúvida, de recuperar a capacidade de formular políticas econômicas voltadas para os "bastidores" do mercado. Sem negar a necessidade de extrema cautela no uso da intervenção estatal, busca-se agora identificar os pressupostos ou fatores extra-econômicos que viabilizam um funcionamento adequado dos próprios mercados.
Evidentemente não se trata de um modelo econômico acabado, mas de princípios que definem novas prioridades. Como sempre, colocá-los em prática não é nada simples.

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