São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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O Consenso mudou

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Graças à newsletter britânica "Latin American Weekly Report", o leitor da Folha pôde saber há dias, neste espaço, que o pai ideológico do Consenso de Washington, John Williamson, faria uma espécie de autocrítica.
O Consenso é o receituário dito neoliberal que se tornou hegemônico na América Latina e na maior parte do mundo. Agora, em Washington, discute-se em seminário internacional por que a América Latina não consegue resultados tão bons quanto os "tigres" asiáticos.
Tenho um palpite a respeito, que deixo para mais adiante. Hoje, é importante resumir a nova visão de Williamson, conforme relato do jornal "Gazeta Mercantil".
A nova agenda é um "mix" das antigas recomendações liberalizantes e privatizantes com providências, digamos, não-ideológicas mais uma boa pitada social.
Nesta fatia, entram reorientar o gasto público principalmente em direção a políticas sociais, a introdução de um imposto sobre "terras ecologicamente sensíveis", aumento do gasto em educação e o seu redirecionamento para os níveis primário e secundário.
Na área técnica, Williamson critica o uso do câmbio como âncora da economia, o que serve principalmente para a Argentina, mas não deixa de valer para o Brasil. O economista, que trabalha no Instituto para Economia Internacional, acha que o certo é adotar uma banda cambial que se mova acompanhando a inflação e evite a valorização do câmbio, o que não está ocorrendo no Brasil.
De todo modo, o Consenso de Washington (o velho ou o revisto) não é para ser tomado como a tábua da lei. Eisuke Sakakibara, do Ministério das Finanças do Japão, respondeu com um sonoro "definitivamente não" à hipótese de que regras como as pretendidas pelo Consenso possam se espalhar universalmente e tornar o mundo homogêneo econômica e culturalmente.

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