São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996 |
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Mais pobres detêm 1,1% da renda do país
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
Apesar de o percentual pós-real ser extremamente baixo, é mais alto do que o recorde da época do Plano Cruzado, quando os mais pobres, devido à queda da inflação, chegaram a ter 1% da renda. Em ambos os casos, as taxas são menos concentradas do que na época do Cruzado. Mantida a tendência, a mudança na distribuição de rendimentos pode tirar do Brasil o título de campeão mundial de concentração de renda. No último relatório da ONU sobre o Índice de Desenvolvimento Humano, o país detinha o título, com diferença de 32 vezes entre a renda dos 20% mais pobres e os 20% mais ricos (média de 81 a 93). Os dados da Pnad de 95 mostram que essa relação, no ano passado, havia caído para 19,5 vezes. Ainda é uma das maiores taxas do mundo, mas está abaixo da de seis outros países, como Guatemala (30 vezes) e Honduras (23 vezes), na América Central, ou Tanzânia (26 vezes) e Guiné-Bissau (28 vezes), na África. Para se ter certeza de que o Brasil de fato perdeu postos no ranking mundial da concentração de renda será necessário aguardar a evolução da distribuição de rendimentos desses países de 93 para cá. Outro indicativo da diminuição da concentração de renda no Brasil é que a fatia da população que recebe até um salário mínimo ficou mais fina. Em 93, os rendimentos de 22% dos brasileiros ficavam nessa faixa. Em 95, esse percentual caiu para 16,4%. Isso significa que 5,6% da população com mais de 10 anos de idade deu um salto na faixa de renda. A parcela que recebe entre R$ 560,00 e R$ 1.120,00, por exemplo, passou de 5% para 7% da população. Em termos absolutos, esses dois pontos percentuais representam 2,4 milhões de pessoas. Por causa dessas migrações de trabalhadores para faixas de renda mais altas, o valor médio do rendimento das pessoas com 10 anos ou mais aumentou 28% entre 93 e 95 -de R$ 338,00 para R$ 434,00. O IBGE corrigiu o valor do rendimento médio dos brasileiros desde 1985 até 1995 pelo INPC. O resultado, para o instituto, é que apenas em 86, ano do Cruzado, o rendimento médio (R$ 475,00) chegou a ser maior do que o atual. O Nordeste ainda é a região mais concentradora de renda. A diferença entre a parcela de rendimentos recebida pelos 10% mais ricos e os 10% mais pobres chega a 46 vezes, contra 33 no Sul e Sudeste. Na relação entre gêneros, a diferença entre homens e mulheres continua alta, mas caiu um pouco. Em 93, o rendimento médio feminino (R$ 106) correspondia a 37% do masculino (R$ 290). Em 95, passou a representar 40%. Texto Anterior: Melhora a distribuição de renda no país Próximo Texto: Mulher passa a ter maior participação Índice |
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