São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996 |
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"Filmegame" predomina
MARIA ERCILIA
"Eraser", por exemplo. A ação é toda medida e mediada por aparelhos. Há armas com mira de calor, dispositivos que alteram identidades e todo um labirinto de aparelhos que controlam gente à distância. Pertence a uma nova linhagem que deve mais ao videogame que ao cinema, de filmes lotados de ação, de forma a não deixar nenhum descanso para a mente do espectador, submetida a um estímulo contínuo. "Missão Impossível" é outro "filmegame". Como "Eraser", é apenas um cozido de temas de décadas atrás, com um tempero de tecnologia. "Independence Day" retoma os filmes de ficção científica, mas acaba mais perto de "Space Invaders", clássico game dos anos 70, que de "Guerra dos Mundos". É cheio de códigos, senhas e batalhas eletrônicas. E o herói da história é um vírus de computador. "A Rocha" segue o mesmo script. Restos da Guerra Fria, roteiro de fuga de prisão e maluco que quer explodir o mundo -e muitos computadores. A ação se passa entre os labirintos da prisão de Alcatraz e os jogos de gato e rato de detonadores eletrônicos de mísseis. O atores, coitados, são cada vez menos importantes. Do jeito que vai vão acabar engrossando as filas mundiais de desempregados. Schwarzenegger, que já parece robô, deve ter emprego garantido. "Toy Story", por exemplo, teve elenco zero -o sonho de um produtor. "Twister" tentou transformar um turbilhão de vento -gerado por computador- em protagonista. E dá-lhe vento. Enquanto a gente se admira com filmes sem ator, alguém com certeza já criou o filme sem roteirista. Essas centenas de roteiros precisos como relógios, sem novidade ou ousadia, mas recheados de som, fúria, merchandising e finais felizes devem ser feitos -também- por máquinas. Texto Anterior: Schwarzenegger faz queima total da realidade Próximo Texto: Godard decepciona e paralelas dão o tom Índice |
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