São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996
Texto Anterior | Índice

Iraque move tanques; EUA mantêm trégua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Iraque voltou a movimentar tanques em torno da cidade de Arbil, no norte do país, acusaram grupos curdos. A ofensiva começou na semana passada e levou os EUA a bombardearem o sul do Iraque por duas vezes e a estender a região em que aviões iraquianos não podem voar.
A agência "Reuter" disse que os iraquianos cercam a cidade, mas não atacaram. Houve registro de combates entre milicianos do Partido Democrático do Curdistão (PDC) e da União Patriótica do Curdistão (UPC).
Segundo o governo de Saddam Hussein, suas tropas atacaram Arbil e região a pedido do PDC com o objetivo de expulsar a UPC. O governo diz que a UPC é apoiada pelo Irã, adversário regional do Iraque.
O líder da UPC, Jalal Talabani, disse estar pronto para pedir ajuda ao Irã ou a "qualquer país que esteja disposto a nos ajudar. Qualquer apoio será bem-vindo".
Apesar dos relatos, os EUA disseram que as tropas iraquianas estavam deixando o norte do Iraque. Falando ao comitê de inteligência do Senado, o diretor da CIA, John Deutch, disse que unidades mecanizadas e blindadas iraquianas estavam se retirando da região dominada pelos curdos.
Anteontem, após o segundo ataque com mísseis, o presidente Bill Clinton disse que Saddam havia "aprendido a lição" -isto é, havia parado de atacar a minoria curda do norte do Iraque.
Na terça-feira, os EUA lançaram mais de 40 mísseis contra o sul do Iraque, com a justificativa de eliminar defesas aéreas dos iraquianos. Pelo menos seis pessoas morreram. A ação foi uma das maiores desde a Guerra do Golfo (1991).
Novo ataque
O secretário de Defesa dos EUA, William Perry, disse que os americanos se reservam o direito de voltar a atacar o Iraque a qualquer momento.
Ele disse que os EUA se consideram satisfeitos com os ataques já feitos, mas voltaram a agir se Saddam reconstruir as defesas antiaéreas danificadas.
Ontem, o Iraque voltou a acusar "agressões americanas". A TV estatal, citando um porta-voz do Comando do Conselho Revolucionário, disse que o país só consideraria a ação americana encerrada quando aviões deixassem de violar o espaço aéreo iraquiano.
Aviões americanos e britânicos seguiam ontem a patrulha da nova zona de exclusão, que passou do paralelo 32o para o 33o, chegando ao sul de Bagdá.
Mas a França, que junto com a Rússia liderou as críticas aos americanos, participou da vigilância apenas nos antigos limites (leia texto nesta página).
Ataque turco
O Exército turco negou ontem que tenha entrado no Iraque para atacar os curdos. Os turcos combatem os separatistas curdos do Partidos dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) na fronteira com o Iraque, e frequentemente fazem incursões no país.
O ministro da Justiça, Sevket Kazan, disse que Ancara pediu a Bagdá "compreensão" para eventuais invasões. Assim como acontece no sul, o Iraque também não pode voar ao norte do paralelo 36o, e praticamente não tinha controle sobre essa parte do país até o ataque contra Arbil -que, segundo a ONU, rompeu a zona de exclusão aérea.
Os EUA disseram que apóiam a proposta turca de criação de uma zona de segurança no norte do Iraque. Os turcos se comprometeram a não estacionar tropas nessa região e mantê-la por pouco tempo.

Texto Anterior: EUA condenam muçulmanos por planejar atos de terror
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.