São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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Preços mantêm baixa no início do mês

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Mesmo após a queda da taxa de inflação de agosto para o segundo menor patamar do Plano Real, os preços continuam a cair em setembro. Nesta semana, os supermercados paulistanos derrubaram seus preços em 0,77%, enquanto nos hipermercados a queda foi de 1,29%, conforme pesquisa do Datafolha.
O custo médio da cesta básica retorna para patamar próximo ao registrado no início do Plano Real, há 26 meses. A pesquisa de ontem do Dieese, em convênio com o Procon, mostrou custo médio de R$ 107,25 para a cesta, apenas 0,28% acima do registrado no dia 1º de julho de 94.
No setor agrícola, até mesmo a entressafra não consegue elevar os preços. É o que está ocorrendo com o leite, arroz e carne bovina. A Fipe registrou queda de preços de 0,29% nos alimentos em agosto, fato que tradicionalmente não ocorre neste período do ano.
A carne bovina, após atingir o preço de R$ 25 por arroba em 16 de julho, está atualmente em R$ 24.
O produto chegou a registrar, há dois meses, os menores preços reais da história. Alguns analistas acreditam, no entanto, que no final de outubro e início de novembro deverá haver a recuperação dos preços.
Hortifrútis caem
Os hortifrútis, impulsionadores da taxa de inflação nos dois primeiros anos do Real, já não conseguem repassar preços para os consumidores. Dados da Ceagesp mostram que, mesmo com menor oferta, alguns produtos têm queda de preço.
Marcelo Allain, diretor de análise econômica do BMC, diz que é surpreendente o nível de queda dos preços. Vários são os motivos. Entre eles, que os consumidores estão com seus orçamentos estáveis e rejeitam qualquer elevação de preços.
Além disso, os consumidores aprenderam a comprar. Memorizam preços e rejeitam os produtos de custo elevado, o que não ocorria nos tempos de inflação alta.
A disputa também é bastante acirrada entre as indústrias, diz Allain. A concorrência aumentou muito e forçou as empresas a reduzir seus custos.
Já nas redes de varejo, houve mudanças na forma de vender, inclusive com facilidades de pagamento para os consumidores. Aumentaram as ofertas de produtos, enquanto caíram as margens de ganho.
Demanda crescente
Allain acredita, no entanto, que os preços não devem cair muito. A demanda não é forte, mas é crescente. A relativa estabilidade dos preços é auxiliada pelo mercado externo, que já não faz tanta pressão no interno, e pela taxa cambial.
O economista lembra, ainda, que a economia está desindexada. Os custos não têm pressão significativa, inclusive de salários.
A redução dos preços se deve, ainda, ao aumento de oferta de produtos por causa dos ganhos de produtividade em todos os setores da economia, inclusive no agropecuário. Foi o que ocorreu no setor avícola e até mesmo na pecuária.
Nos oito primeiros meses deste ano a oferta de carne bovina cresceu 700 mil toneladas em relação ao total de janeiro a agosto de 95. Neste caso, o aumento não veio apenas da produtividade, que demora para ser incorporada ao setor, mas também da redução de rebanho (maior abate de animais devido à pressão de custos).
Os dados deste ano mostram que os supermercados acumulam alta de apenas 3,2%, enquanto nos hipermercados a evolução foi de 1,4%. Nesta semana, as maiores quedas ficaram para açúcar, café e hortifrútis.

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