São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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UNE; Carteiras do PAS; Forçada de barra; Sede de poder; Magda "cover"

UNE
"A UNE recebeu ataques ferozes por ter feito uma manifestação contra o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, na Universidade Federal de Viçosa. Na Folha, a tarefa coube ao colunista Josias de Souza, que dedicou seu precioso espaço no dia 2/9 a chamar a entidade nacional dos estudantes de 'enlouquecida'.
O que (infelizmente) acontece cada dia mais na imprensa, com raras e honrosas exceções que pelo jeito não incluem Josias de Souza, é um adesismo sem precedentes ao governo, que institui a democracia do 'sim' -só é democrático quem concorda ou adere.
Até entendo os grandes interesses comerciais que envolvem tal atitude, mas não posso concordar com ela. Ao contrário do que disse o colunista, a UNE tem motivos de sobra para se manifestar contra as atitudes do ministro.
Primeiro, porque não cai na conversa fiada de 'novas propostas' ou 'prioridade para o ensino básico'. Se o colunista não sabe, essas medidas contidas no projeto de emenda constitucional 233 não aumentaram um centavo os gastos com a educação.
Se as escolas estão tendo o topete de adotar medidas contra os inadimplentes, a principal responsabilidade é desse governo, que liberou mensalidades e donos de escolas para fazer o que bem entendem, tratando a educação como mera mercadoria.
Se Josias de Souza lesse o jornal no qual escreve, veria que em diversas oportunidades a UNE expressou sua opinião, em artigos ou em reportagens.
O que ameaça a democracia é governar por medidas provisórias e usar dinheiro público cortado da educação e da saúde para salvar banqueiros.
O livre exercício da manifestação pública, que a UNE promove e continuará promovendo, é expressão de uma rebeldia que tem causa -impedir o desmonte da educação e a perpetuação de uma política social criminosa.
Aliás, depois que ACM foi coroado 'imperador', como noticiou a Folha em 5/9, pode ser que Fernando Henrique se anime e, mais que reeleição, reivindique o trono.
Mas a UNE vai estar lá para dar uma vaia."
Orlando Silva Junior, presidente da UNE -União Nacional dos Estudantes (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Josias de Souza - O nome do missivista traz à tona a imagem do velho e bom "cantor das multidões". Pena que, mais Júnior do que Orlando Silva, o presidente da UNE esteja tão fora do tom. Guiado pela batuta do PC do B, já não distingue a crítica, sempre necessária, da agressão leviana e inconsequente. Desafinada, a UNE canta sozinha. É triste.
*
"A respeito do artigo 'União Nacional dos Enlouquecidos', do articulista Josias de Souza (2/9), gostaria de cumprimentá-lo pela lucidez com que tratou a questão da UNE.
Essa entidade há muito tempo deixou de cumprir o seu objetivo, que é representar os alunos universitários do Brasil.
Vale ressaltar que a UNE nunca procurou o DCE do Mackenzie para discutir qualquer assunto que dissesse respeito ao 'provão' ou a qualquer outro tema ligado à educação.
Os alunos precisam se unir para encontrar uma saída para o ensino, e não ficar reproduzindo chavões que não nos interessam.
A UNE tem que deixar de servir ao PC do B e ao PT para começar a trabalhar em sintonia com os estudantes."
Luciano da Gama Santos, presidente do DCE (Diretoria Central dos Estudantes) da Universidade Mackenzie (São Paulo, SP)

Carteiras do PAS
"Sobre as reportagens 'Comitê do PPB faz inscrição do PAS' (29/8) e 'Secretário faz corte no Grupas' (31/8): na qualidade de cidadão, presidente de uma entidade Sociedade Amigos de Bairros Pari-Canindé, fui entrevistado para dar informações quanto a colaboração dada ao PAS.
Não posso falar o que não sei, pois não sou coordenador de qualquer comitê, sou eleitor e simpatizante do vereador Hanna Gharib; não sou assessor, embora já tenha trabalhado no gabinete do vereador.
Outrossim, posso informar que não houve flagrante, pois a 'Assampac' é uma entidade colaboradora com os órgãos públicos, para auxiliar a população carente.
Posso afirmar que prestamos serviços à comunidade.
Atendi o repórter com cortesia, não me intitulei coordenador, pois jamais tive essa condição.
A reportagem da Folha de 31 de agosto é tendenciosa."
Waldomiro Theodoro da Silva (São Paulo, SP)

Forçada de barra
"Parece que ao publicar a última pesquisa Datafolha, dia 1º/9, este jornal teve o intuito de mostrar que o presidente FHC não teria desempenho tão animador se pudesse disputar as próximas eleições.
Teve de forçar a barra para fazê-lo. O instituto faz uma pesquisa seguindo critérios estabelecidos pela Folha, isto é, apenas em cidades grandes (qual seria o desempenho de Maluf se outras cidades paulistas tivessem sido incluídas? Qual seria o desempenho do presidente da República em cidades onde o desemprego não é tão marcante?) e incluindo dois outros nomes de peso do PSDB a fim de 'diluir' o resultado ainda mais em detrimento de FHC (sendo FHC candidato, qual, senão zero, seria a possibilidade de Tasso e Ciro concorrerem?).
Claro que, para mostrar sua suposta idoneidade e independência, o jornal publica as ressalvas acima feitas, embora de forma pouco clara. Mas a manchete 'FHC, Lula e Maluf dividem liderança' fala mais alto.
E dessa forma a Folha pôde publicar seu editorial supimpa: '98 é um jogo aberto' e o antineoliberal Clóvis Rossi pôde então descobrir a roda: 'Lula é a grande surpresa!'.
A Folha está cada vez mais ridícula."
Cesar A.C. Sanchez (Brasília, DF)

Sede de poder
"A criação dos cargos de senadores vitalícios para ex-presidentes é uma afronta à democracia no país.
A sede de poder do governo FHC está passando dos limites."
Irineu Colombo, deputado estadual pelo PT-PR (Curitiba, PR)

Magda "cover"
"Sobre a entrevista feita pelo jornalista George Alonso com Luiza Ambiel (4/9), a 'moça da banheira', sobre o seu apoio ao candidato José Serra, gostaríamos de dizer apenas uma frase, copiada de um famoso programa de televisão: cala a boca, Luiza!"
Fábio Alves Silveira e Murilo Francisco Barella (Londrina, PR)

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